No comando do governo do Estado desde 16 de fevereiro, Eduardo Pinho Moreira (MDB) movimenta-se com força para fazer o contraponto partidário a Gelson Merisio. O presidente estadual do PSD e pré-candidato ao governo, assim como o próprio Moreira, articula firme para ter ao seu lado no mínimo nove partidos, além da própria legenda, totalizando 10 siglas.
Para não ficar isolado, Moreira e o MDB entraram com tudo no jogo. Inicialmente, o governador iria incorporar a Secretaria do Planejamento à Fazenda estadual. Mas entregou o Planejamento ao PTB, já dentro de um pré-acordo para que os petebistas estejam com o Manda Brasa na campanha.
Moreira também costura, há tempos, com o PR e o PPS. Os dois partidos são presididos, respectivamente, pelos deputados federais Jorginho Mello e Carmen Zanotto, que têm atuado em finíssima sintonia política com vistas às coligações deste ano.
PR e PPS deverão estar juntos nas alianças proporcionais (deputados estaduais e federais), mas buscam espaço na majoritária. Muito provavelmente com o MDB.
Distância
Carmen se distanciou de Raimundo Colombo. Ela foi insistentemente convidada para assinar ficha no PSD. Declinou e acabou se afastando. A deputada é umbilicalmente ligada ao deputado estadual Fernando Coruja, parlamentar que tem um longo histórico de divergência com Raimundo Colombo. E olha que ele permaneceu quase três anos na Alesc pelas mãos do ex-governador, que manteve deputados titulares em secretarias de Estado, permitindo a atuação de Coruja no Parlamento Estadual.
Richa antiga
Colombo até tentou ajudar na eleição de Fernando Coruja para prefeito de Lages, base eleitoral dos dois, em 1992, quando ele encerrava seu primeiro mandato de prefeito na cidade. No fim das contas, não foi possível. O antecessor de Colombo na prefeitura, Paulo Duarte, se impôs como candidato do antigo PFL naquele pleito. E perdeu para o próprio Coruja. Desde então, Coruja e Colombo é sinônimo de rivalidade, rusgas, faíscas e tiroteio verbal e político.
Divisão de votos
Neste contexto, o deputado estadual deixou o MDB e filiou-se ao Podemos, na janela de março, para colocar-se como opção ao Senado. Ele sabe que tem chances remotíssimas de conquistar uma vaga na Câmara Alta. A estratégia do grupo é cristalina: atrapalhar o projeto de Raimundo Colombo, que renunciou ao governo justamente para concorrer ao Senado. Se Coruja sair candidato também, pode dividir parte dos votos da Serra, prejudicando o ex-governador pessedista.
49 do segundo tempo
Registre-se que Coruja filiou-se ao PODEMOS bem no fim da janela. Provavelmente para evitar movimentos contrários ao seu projeto, que é de cunho muito mais pessoal do que partidário.
Direção
Um ponto central nesta história toda vai depender do senador Alvaro Dias, líder nacional do Podemos e presidenciável da sigla. Será dele a palavra final de onde estará o partido em Santa Catarina. Se ao lado do PSD, que tem PP, PSB e outras legendas; ou com o MDB. Coruja claramente é favorável ao acerto com a turma do Manda Brasa, de onde ele é egresso.
Projeções
De qualquer forma, MDB, PR, PP e talvez o DEM, na figura do deputado federal João Paulo Kleinübing, têm raciocinado o seguinte. As composições podem ter o próprio Fernando Coruja ao Senado, tendo como companheiro de chapa Jorginho Mello ou JPK. Um dos dois também pode ser encaixado como vice de Mauro Mariani ou Eduardo Moreira.
Carmen de vice
Há, ainda, uma outra projeção, que traria a deputada federal Carmen Zanotto à majoritária. Ela pode ser vice do MDB, deixando espaço para Mello e Kleinübing se lançarem ao Senado. E Coruja disputaria a Câmara Federal no espaço da parlamentar. Embora Carmen e Coruja sejam de partidos diferentes, os dois têm profundas ligações políticas e de amizade.
Força da caneta
Na proa da nau catarinense, o MDB articula a todo vapor para contar com uma coligação razoável e com bom tempo de TV na campanha que se avizinha.