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Nossos substitutos

O avanço da ciência chegou a tal ponto que inexoravelmente teremos de fazer a devida inflexão, o da substituição dos trabalhadores humanos, pelos robôs. É óbvio que apesar de ser já totalmente factível na atualidade, as consequências sociais, psicológicas, econômicas e até existenciais, de tão impactantes, por enquanto tornam-se inviáveis. Por isso, a postergação. Está claro que a maioria esmagadora dos trabalhos ou profissões seriam facilmente substituíveis pela máquina, com vantagens incontestáveis. À primeira vista e de antemão, concordamos na substituição daqueles menos qualificados, mormente os trabalhos repetitivos, braçais, os que requerem força física. Os ganhos seriam surpreendentes, ele não erra, não falta ao serviço, não fica doente, não faz greve, etc… Mas basta uma análise um pouco mais aprofundada e veremos que até as atividades laborais mais complexas seriam facilmente preenchidas pela máquina. Em estudo recente, chegaram à conclusão de que a única profissão que permaneceria, seria a de psiquiatra. Talvez, pelo motivo que cada substituído seria um potencial paciente. Imaginem o colossal transtorno, afetando a todos de maneira abrangente e absoluta.

Teríamos que cobrar imposto do robô para sustentar os ociosos humanos. Sobreviveríamos de alguma ajuda, de bolsa-família ampla, geral e irrestrita. E o pesadelo não para, diante das funestas perspectivas, caminharíamos irremediavelmente para algum tipo de socialismo.

Restariam aos humanos, como atividades libertadoras do ócio, as hoje excepcionalíssimas, artes. Teríamos uma tal profusão de artistas, trocando a qualidade pela quantidade, que antevejo o próprio império da mediocridade, tal a falta de talentos.

No campo militar, de pronto teríamos a substituição dos soldados por robôs armados, já que são os executores. Seria a própria realização do sonho do comandante, o de ordenar sem questionamentos, titubeios e imediato cumprimento da ordem, por mais absurda que fosse. Mas não pararia por aí, pois inequivocamente um trabalho de estado-maior, com análise das possibilidades, empregos táticos e estratégias, seriam indiscutivelmente melhor elaborados pela infalível robótica. Atualmente, na guerra da Ucrânia, os protagonistas estão sendo os dropes. Infelizmente, já é um começo.

Assim, parece que caminhamos para o que eu chamaria de abismo sem volta.

Minha última esperança, para me afastar desse pesadelo, reside numa notícia recente em que a criatura feriu o criador. O robô, por algum motivo desconhecido, agrediu o engenheiro…

Nelson José Weber, é capitão da reserva do Exército Brasileiro, formado em Educação Física também. Reside em Itapetininga-SP. Grande experiência como instrutor de Tiros-de-Guerra em Minas Gerais e São Paulo.

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