A Embrapa Suínos e Aves, com apoio do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) e do Sindicarne, lança nesta quarta-feira, 16, em evento virtual, o Software de Gestão Ambiental da Suinocultura (SGAS). A ferramenta vai dar mais celeridade ao licenciamento de granjas de suínos em Santa Catarina, contribuindo com cerca de 13 mil produtores de todo o estado.
O novo software traz diversas funcionalidades que permitem ao usuário determinar automaticamente padrões de consumo de água e produção de dejetos nas granjas de suínos, assim como a oferta de nutrientes contidos nos dejetos em função da categoria de animais alojados, sistemas de manejo e o tratamento adequado dos dejetos.
Até agora, os projetos eram feitos de forma manual, em planilhas do Excel ou por meio de outras ferramentas que demandavam mais tempo para os consultores ambientais e para a análise dos processos pelos técnicos do IMA.
Para o presidente do IMA, Valdez Rodrigues Venâncio, o software é mais um diferencial para a suinocultura que pode acumular resultados ainda melhores nacional e internacionalmente. “O desenvolvimento de um software como ferramenta de análise que considere as particularidades das legislações ambientais e características das unidades de produção de suínos de cada estado do país pode trazer benefícios a toda cadeia produtiva e aos órgãos ambientais fiscalizadores”, destaca
A gestão ambiental da suinocultura envolve vários fatores como o projeto e dimensionamento das granjas e dos sistemas de tratamento de efluentes, manejo de coprodutos da produção animal, monitoramento de indicadores de qualidade ambiental e o licenciamento ambiental da propriedade, para que seja implantada e opere dentro dos limites das legislações ambientais vigentes no país.
Foco na preservação ambiental
O SGAS também vai auxiliar o usuário na gestão das áreas agrícolas das propriedades rurais, determinando a demanda de nutrientes. Estes dados são importantes para determinar a capacidade de alojamento de suínos nas granjas, de modo que os dejetos sejam reciclados como fertilizantes segundo recomendações agronômicas e indicadores ambientais, mitigando os potenciais impactos ao meio ambiente.
Durante o processo de licenciamento da atividade, por exemplo, o IMA monitora o solo dos empreendimentos onde é disposto o biofertilizante produzido a partir dos dejetos suínos. O SGAS vai facilitar a análise dos parâmetros do monitoramento, indicando se o solo poderá receber mais dejeto tratado ou não, analisando o nível dos nutrientes, principalmente, o fósforo (P).
“O SGAS dimensiona estruturas de armazenamento de dejetos, biodigestores e unidades de compostagem com base em critérios técnicos e padrões estabelecidos pelas normativas ambientais. Por meio deste sistema, os projetos realizados pelos consultores ambientais serão padronizados e os resultados terão com maior confiabilidade”, explica a gerente de Licenciamento Ambiental Rural do IMA, Gabriela Casarin Ribeiro.
O sistema foi desenvolvimento pela Embrapa Suínos e Aves com base na Instrução Normativa 11/2014 e validado com dados compartilhados pelo IMA por meio de contrato de cooperação técnica. O Sindicarne também é parceiro deste projeto, apoiando financeiramente todo o processo de validação, transferência de tecnologia e treinamentos dos futuros usuários do sistema.
O lançamento do SGAS será transmitido a partir das 14h, pelo Canal do Youtube.
A suinocultura em Santa Catarina
A suinocultura é o grande destaque do agronegócio catarinense em 2020. De janeiro a agosto deste ano, Santa Catarina já exportou 345,9 mil toneladas de carne suína, um crescimento de 27,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O faturamento já passa de US$ 758,6 milhões, superando em 40% o valor de 2019.
Além da China, que vem aumentando os embarques mês a mês, outros mercados importantes estão investindo na produção catarinense. O Japão, por exemplo, se tornou o quarto maior comprador e ampliou em 166,2% o volume importado de Santa Catarina neste ano.
Maior produtor nacional de carne suína, Santa Catarina tem um status sanitário diferenciado, que abre as portas para os mercados mais exigentes do mundo. O estado é o único do país reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação, o que demonstra um cuidado extremo com a sanidade animal e é algo extremamente valorizado pelos importadores de carne.
Os números são divulgados pelo Ministério da Economia e analisados pela Epagri/Cepa.