No recorte das negociações e encaminhamentos de momento, a eventual renúncia de dois prefeitos de cidades estratégicas, Chapecó e Criciúma, mudará o cenário eleitoral e a divisão de forças partidárias em Santa Catarina.
Clésio Salvaro deixando o comando de Criciúma entregaria o paço ao vice, Ricardo Fabris, do PSD, ligado ao deputado Julio Garcia. O PSD perderia Chapecó, a Capital do Oeste, mas ficaria com Criciúma.
João Rodrigues, o chapecoense, declarou que só renunciará ao mandato se Salvaro topar a empreitada para compor chapa com ele. O pessedista na cabeça e o tucano de vice.
Para o Senado, o grupo trabalha com a chegada do empresário Luciano Hang, desde que ele assine ficha no PP. O outro nome mapeado neste cenário é do prefeito da Capital, Gean Loureiro (União Brasil). Ele poderia ir ao Senado caso Hang reflua.
Jogada
Na verdade, está se criando um núcleo na política estadual, com uma parte do PSD tentando escantear Raimundo Colombo. O PP pode fazer parte, desde que com o dono da Havan, o que tiraria Esperidião Amin do circuito de negociações.
PP fora
Sem Luciano Hang no PP, Amin e seu partido ficarão fora do projeto. Salvaro representa o PSDB. A tríplice seria então com PSD, PSDB e PP; ou PSD, PSDB e UB.
Se confirmada, será uma união para fugir do senador Jorginho Mello, das esquerdas, do governador e do MDB de Antídio Lunelli. A aposta é alta.
Tripé Executivo
Para a hipotética chapa com os três prefeitos, Rodrigues, Salvaro e Loureiro, o PP acabará com Moisés da Silva ou com Jorginho Mello. E o PP ficará no outro lado. Só não dá pra imaginar o PP e o MDB juntos.
Quarteto
Significa que poderemos ter quatro grandes frentes em SC: Moisés (Com PP ou MDB), Jorginho Mello (com PP ou MDB), João Rodrigues e as esquerdas que agora contem com o neocanhoto Dário Berger (PSB), Décio Lima (PT) e Jorge Boeira (PDT).
Digitais
Estão claras as digitais da família Bolsonaro nesta engenharia que colocou o grupo de João Rodrigues no páreo. Além de ganhar mais um palanque consistente em Santa Catarina, a campanha de reeleição de Bolsonaro pode enxergar aí uma forma de dar mais uma embretada em Moisés da Silva.
O presidente, como se sabe, não quer nem papo com o governador. Sob a ótica presidencial, o novo arranjo poderá lhe auferir ganho duplo.
Tranquilo
A interlocutores, o senador Jorginho Mello, do PL de Bolsonaro, se mostra muito tranquilo com essas articulações de última hora em Santa Catarina.
Dois partidos envolvidos apresentam dificuldades para a composição e afinação ao projeto presidencial de reeleição. PSD e PSDB terão candidatos a presidente e são duas siglas desafetas a Bolsonaro no plano nacional.
Pressão sobre Hang
Outro aspecto é o fato de que a chapa, para se viabilizar, enseja a renúncia a duas prefeituras importantíssimas em Santa Catarina. Ao fim e ao cabo, o senador tende a acreditar que todo esse jogo pode ser uma forma de pressionar o empresário Luciano Hang a candidatar-se. Esse é o desejo do presidente da República. Hang vem fazendo mistério e capitalizando politica e midiaticamente até aqui. É do jogo!