A semana começa e continua a novela do MDB catarinense. Que já está ficando pra lá de modorrenta e que leva o colunista a avaliar se vale continuar concedendo espaços generosos de análise a tanta picuinha, tantos interesses cruzados, tanto vaivém.
São divisões, reviravoltas, voltas, não idas, enfim. O documentário Dia da Virada, de Luiz Henrique da Silveira, parecia ter inspirado o entendimento nas fileiras emedebistas.
Os líderes mais diretamente envolvidos no pugilato do Manda Brasa se reuniram, bateram o martelo praticamente. Ainda na sexta-feira à tarde, em Maravilha, cidade que administrou em algumas oportunidades, o deputado federal Celso Maldaner, presidente da sigla, deu uma declaração nessa linha: Moisés, os prefeitos e deputados estão contigo, as bases pensam diferente, mas ou vai tudo não vai nada. Então que vá tudo.
Ou seja, se entregou de corpo e alma para Moisés em sua recandidatura, sinalizando que o MDB iria junto.
Peraí
Dois dias depois, contudo, no domingo, Maldaner larga uma nota oficial dizendo que não há definição, que o diretório será convocado na semana que vem para uma definição. Deu uma bela recuada, portanto. Por que?
Umbigo
Por pressão das bases ou pelo projeto pessoal dele, Celso Maldaner? O deputado já viu que não terá espaço na majoritária este ano.
Os nomes do Oeste para compor são Mauro de Nadal, Valdir Cobalchini e Moacir Sopelsa.
A tendência seria por Sopelsa, que já nem era candidato. O que vai sobrar para Maldaner?
Briga por espaço
Talvez, Maldaner esteja articulando para encaixar Cobalchini para vice. O atual líder da bancada sairia da Alesc para a Câmara. Só que as candidaturas a federal de Cobalchini e Celso Maldaner tendem a morrer abraçadas no mesmo espaço. Em 2018, o deputado estadual já ensaiava concorrer à Câmara. Não foi a pedido de seu mentor político, Casildo Maldaner (irmão de Celso), que não está entre nós para repetir a petição a Cobalchini. O líder da bancada agora não deve praticar o mesmo gesto.
Geografia
Trocando em miúdos, este balaio de gatos que virou o MDB parece não ter fim. Os outros nomes do MDB para compor viriam do Norte. Antídio Lunelli, que renunciou à prefeitura de Jaraguá do Sul para concorrer ao governo. Ou então Udo Döhler, ex-prefeito de Joinville.
Sparring
Antídio ganhou um aliado interno importante nos últimos dias. Rogério Peninha Mendonça, deputado federal que não vai à reeleição, colocou seu nome para disputar o Senado. A única condição para Peninha recuar seria em favor do ex-prefeito jaraguaense.
Duas frentes
Como Peninha é muito ligado a Jair Bolsonaro e o próprio Antídio antes de entrar para a vida pública conheceu e mantinha algum contato com o presidente, não se pode descartar que esse movimento tenha a bênção presidencial.
História
Rogério Peninha Mendonça foi o primeiro catarinense a respaldar Bolsonaro no projeto presidencial quando ninguém acreditava. Ele está completando oito mandatos consecutivos, somando-se aí prefeitura, Alesc e Câmara dos Deputados. Tem liderança e trajetória consolidadas.
Alô, líder
Difícil imaginar que Peninha faria esse movimento sem consultar Jair Bolsonaro, ainda mais se considerarmos que o presidente já apontou seu candidato oficial em Santa Catarina, o empresário Jorge Seif.
Pulverização
Poderia o presidente estar colocando uma carta na manga para o caso de Seif não emplacar. Até porque, ao contrário da posição de cabeça de chapa, a pulverização de candidaturas ao Senado pode ajudar o bolsonarismo representado por Jorge Seif. Também seria um contraponto à insistência do deputado Kennedy Nunes (PTB), que diz que não abrirá mão se sua postulação à Câmara Alta. Kennedy tem penetração no voto evangélico e da direita em Santa Catarina.
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