Blog do Prisco
Coluna do dia

O caudilhismo de Bolsonaro

Jair Bolsonaro, sendo Jair Bolsonaro. Em estado puro. Durante entrevista na terça-feira à noite, indagado sobre a situação eleitoral de vários estados, o ex-presidente começou a revelar nomes da sua preferência para concorrer ao Senado.
Agora a ideia fixa é o Senado. É ali que, em se tendo uma maioria sólida, a oposição seria capaz de reagir aos desmandos do Supremo Tribunal Federal. Não é mais prioridade a conquista de governos estaduais. Muito bem, quando chegou a vez de Santa Catarina, ele citou o nome de duas liberais: Carol de Toni e Júlia Zanatta, duas deputadas federais.
Carol obteve a votação mais extraordinária do último pleito proporcional. Foi a recordista, com quase 250 mil votos. Está no segundo mandato. Chegou tão forte na Câmara que foi guindada à poderosíssima CCJ, Comissão de Constituição e Justiça. E agora é a líder da minoria. Em pouco tempo, consolidou-se como uma das principais lideranças do PL nacional.
Um belíssimo desempenho.

Espuma e barraco

Júlia Zanatta cumpre o seu primeiro mandato. Poderíamos dizer que é uma especialista em rede social. Vive fazendo vídeos, lives e por aí vai, mas sempre com posições radicalizadas, dentro daquele ambiente beligerante do bolsonarismo, no contexto da polarização com o lulismo. Diante dessa manifestação, muitos liberais foram tomados de surpresa, mas Jorginho Mello não se fez de rogado.

Retrucou

Na quarta à noite, num evento do PL, na cidade de Içara, ele deixou muito claro que uma vaga ao Senado será destinada a composições partidárias, assim como, claro, a posição de vice-governador. Duas posições. Até porque a renovação, em 2026, será de dois terços no Senado. Duas vagas estarão em disputa.

Fim de mandato

As cadeiras em disputa serão aquelas de Jorginho Mello, hoje ocupada por Ivete Appel da Silveira, e a de Esperidião Amin. O nome natural no PL, evidentemente, é o de Carol De Toni. Disso não resta a menor dúvida. Outra questão: será que o eleitor catarinense vai querer votar em duas mulheres jovens ao mesmo tempo, para a Câmara Alta ou seria interessante mesclar o perfil?

Pilotagem

Jorginho Mello foi além, dizendo que aqui a situação será pilotada e comandada por ele. Claro que fez uma série de elogios a Jair Bolsonaro e tudo mais; e vai estar com ele, não vai se distanciar dele, como foi o caso de Carlos Moisés. Mas, o catarinense também está colocando um limite em eventual ingerência externa, como ocorreu em 2022.

Goela-abaixo

Lá, Bolsonaro impôs o nome de Jorge Seif, deixando Jorginho sem nenhuma aliança porque o PTB de Kennedy Nunes já havia fechado sua aliança com o hoje governador. Kennedy acabou acertando com Esperidião Amin. Mas agora estamos com essa situação posta.

De mal

Júlia Zanatta não foi ao evento de Içara alegando compromissos outros no município de São Ludgero. Ela, ultimamente, vem desafiando o próprio governador. Essa é a grande realidade.

Personalidade

Jorginho, naturalmente, está contrariado. E isso vai chegar aos ouvidos de Jair Bolsonaro. O nome de Júlia Zanatta só surge tendo em vista a sua ligação com o deputado Eduardo Bolsonaro, que intercede por ela junto ao pai.

Passado

Aliás, a ligação de Júlia e Eduardo é longa, pretérita e muito fora do contexto político à época. Dizemos isso porque o nome de Júlia não faz o menor sentido. O próprio PL teria outros dois nomes mais naturais, além do favorito, Carol De Toni, que são justamente os deputados Daniel Freitas, também de Criciúma, como Júlia. Ele está no segundo mandato, e a deputada Daniela Reinehr, que já foi vice-governadora, participando de uma eleição majoritária.

Uma vaga

Quem estiver apostando que Bolsonaro vai impor os dois nomes tem tudo para perder. Porque Jorginho Mello vai deixar muito claro que, para repetir o resultado de 2022, quando se elegeu um governador, um senador, onze estaduais e seis federais, é fundamental que a composição partidária seja feita, para que o PL saia ainda mais forte com apoio de outras siglas partidárias.