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Manchete

O contexto atual e as perspectivas de Moisés da Silva

Estamos ainda em meados de março, muita água vai rolar por debaixo das pontes políticas até o prazo fatal das convenções. Faltam quase cinco meses, a data final é 5 de agosto.
É um tempo suficiente para as mais variadas mudanças no cenário estadual que também dependem muito do quadro nacional.
Os desdobramentos da guerra na Europa, a situação econômica do Brasil, as finanças do estado, as coligações, as mudanças proporcionadas por esta excrescência que é a janela partidária, com data de fechamento em 2 de abril, que coincide, também, com a renúncia de mandatários para estarem aptos a disputar o pleito. Todos esses fatores exercerão algum grau de influência nos desfechos eleitorais.
Em Santa Catarina, temos cinco prefeitos observando o quadro: Antídio Lunelli (Jaraguá do Sul), Joares Ponticelli (Tubarão), Gean Loureiro (Florianópolis), João Rodrigues (Chapecó) e Fabricio Oliveira (Balneário Camboriú).

Direção

Outro aspecto importante: como vai se movimentar o governador Moisés da Silva.
Ele pilota a Administração estadual, a máquina capilarizada do governo. Os cofres estão abarrotados. Isso tudo ajuda, influencia nos encaminhamentos eleitorais.

Sem garantias

O histórico das eleições em SC mostra que o eleitor vota muito mais politicamente do que pela realização administrativa do governador de plantão.

Recente

Ainda está viva na memória a lembrança da reeleição de Raimundo Colombo em 2014. Não houve segundo turno por pouco mais de 1% dos votos. Um triz. Caso o tucano Paulo Bauer tivesse forçado o round decisivo, ele tinha tudo para levar a eleição considerando-se a enxurrada de votos conquistados por Aécio Neves em Santa Catarina.

Começo do século

Voltemos a 2002. O imbatível Esperidião Amin, que nunca havia perdido uma eleição em Santa Catarina. A única derrota contabilizada por ele até então fora em 1994 no pleito presidencial.
Ele era favoritíssimo a um terceiro mandato. Havia sido eleito em 1982 e 1998 e buscava a reeleição naquele ano.
O azarão Luiz Henrique da Silveira, que renunciou à prefeitura de Joinville, acabou ganhando a eleição.

Redondinha

A gestão de Amin foi redonda, ajustada, acertada, com dinheiro em caixa, enfim. O secretário da Fazenda, Antônio Carlos Vieira, o Vieirão, deixou uma marca forte. LHS, o azarão, pegou carona na onda Lula e derrotou o governador que era considerado imbatível.

Show do Pix

Agora temos Moisés distribuindo recursos a rodo por todo o estado, bilhões e bilhões anunciados em investimentos, convênios do plano 1000 com as prefeituras, emendas parlamentares e por aí vai. Muito bem. Isso não significa que ele vai ganhar a eleição.

Equívocos

Ele tem que conquistar as condições partidárias e de alianças para se viabilizar. O chefe do Executivo já cometeu um equívoco estratégico lá atrás ao romper com Jair Bolsonaro, o dono da onda de 2018, que trouxe à ribalta, junto com o governador, 10 deputados (seis estaduais e quatro federal).

Um em 10

Chegamos em 2022 com apenas um parlamentar dos 10 com o governador. E não é por questões partidárias. É por amizade e fidelidade militar. O deputado Coronel Mocellin foi companheiro de Moisés no Corpo de Bombeiros de Santa Catarina. Assinou ficha no Republicanos antes do governador.

Nova roupagem

O governador se afastou completamente da ala conservadora, do PSL. Agora escolhe o inexpressivo Republicanos, sem estrutura partidária, sem tempo de televisão, sem prefeitos.

Alternativas encolhem

Como vai ser? Vai acabar isolado ou vai ter que se entregar ao PSD, que poderia indicar o vice? O nome de seu atual secretário da Casa Civil, Eron Giordani, é uma alternativa. O PSDB também poderia vir.

De cima pra baixo

Por outro lado, há o contexto nacional. Eduardo Leite confirmou ontem que pretende concorrer à presidência. Sinal de que vai se filiar ao PSD. Raimundo Colombo é extremamente ligado a Gilberto Kassab. E se o dirigente nacional impõe a candidatura do ex-governador?
Consequentemente, não haveria acordo com Moisés. Ele enxugou a máquina, faz uma administração profícua, mas pode ficar sem condições de reeleição.

foto>Maurício Vieira, Secom, arquivo, divulgação

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