Coluna do dia

O dilema de Moisés

Moisés da Silva está avaliando com parlamentares e pessoas mais próximas a conveniência de passar o governo ao presidente da Assembleia Legislativa, Moacir Sopelsa (MDB), por 45 dias.
Não que Moisés tenha desistido da ideia e do compromisso assumido de entregar ao deputado do MDB um mês e meio de interinidade durante a campanha.
Já se observou, contudo, no seio do governo, movimentos de pelo menos um adversário no sentido de se utilizar desta situação de transferência de poder para tentar enfraquecer a candidatura do governador.
Na linha de alegar-se de que ele estaria entregando o governo por um compromisso político, deixando a administração de lado em nome de conveniências e acertos político-eleitorais.

Sensibilidade

O assunto está na pauta. O MDB contava com a interinidade de Sopelsa, confiando que seus dias de governador poderiam fortalecer as chapas proporcionais do Manda Brasa e, de quebra, ainda sensibilizar as bases emedebistas a abraçarem a reeleição do governador.

Nariz torcido

Ainda há, por toda Santa Catarina, muito emedebista melindrado pela condução dada ao processo pré-eleitoral do partido.

Pela culatra

Por outro lado, o governador e seu entorno temem o possível enfraquecimento de seu nome para o pleito de 2 de outubro.

Outra hora

Fala-se na hipótese de transferir a interinidade para o segundo turno. Acontece que a eleição proporcional (deputados estaduais e federais) é no primeiro turno! Sem a presença de Sopelsa no comando do governo isso pode significar o encolhimento significativo do MDB Barriga-Verde.

Mais tarde

Cogita-se, também, a hipótese de transferir o governo a Sopelsa somente em novembro, levando-o a representar Santa Catarina na conferência mundial do clima, no Egito, justamente no mês 11 de 2022.

Tem ou não?

Sim, mas daí a eleição já entrou para os escaninhos da história. O marqueteiro do governador criou o mote “Aqui já tem governador.” A partir do momento que Moisés se licencia, essa tirada perde apelo e força entre o eleitorado.

Na história

Os emedebistas, a seu turno, ponderam em outra frente. Luiz Henrique da Silveira reclamou de Esperidião Amin e o conclamou a renunciar ao mandato de governador para os dois disputarem em pé de igualdade de 2002. O progressista fez ouvidos moucos ao desafio. LHS renunciou à prefeitura de Joinville e Amin ficou no governo.

Coerência e conveniência

Em 2006, Luiz Henrique renunciou ao mandato para manter a coerência e também dentro de sua estratégia de fortalecimento da tríplice aliança, abrindo caminho para o mandato-tampão de Eduardo Moreira.

Vazio administrativo

Na outra ponta, há quem lembre que LHS também foi criticado por ter deixado o governo para ficar apenas nos compromissos e estratégias eleitorais de 2006.

Balão de ensaio

Notícias dando conta de que a possível transmissão de cargo poderia ocorrer no sábado fazem parte da estratégia do candidato ao governo que torce para que Moisés deixe o governo. Justamente para acionar a metralhadora giratória na direção do atual inquilino da Casa d’Agronômica.

A verdade

Até segunda ordem, portanto, o assunto não está definido e não se sabe quando e se Moacir Sopelsa assumirá o poder máximo de Santa Catarina.

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