Todos os dias nos deparamos com novos casos de enriquecimento ilícito envolvendo agentes públicos e políticos no Brasil. É o caso de se perguntar: será mesmo inevitável que os grandes escândalos só venham às claras depois de longos anos, a duras penas, em operações intrincadas que envolvem megainvestigações, delações e manobras portentosas?
Com toda a tecnologia de que dispomos atualmente, já não podemos criar um processo de fiscalização permanente que “corte o mal pela raíz,” como se diz no popular?
Os fatos têm mostrado o inverso: temos um sistema permeável às falcatruas, um sistema que viabiliza apropriações indevidas, permite sonegações e fortalece a corrupção.
Já é hora de converter os avanços tecnológicos em armas contra a improbidade.
Não podemos mais admitir que haja brechas para que se usurpe o patrimônio público.
É preciso, mais do que nunca, moralizar o Brasil.
Quero crer que o Projeto Herança, deflagrado pela Receita Federal, seja um divisor de águas: de um lado as turvas e deterioradas, por onde a corrupção submergia; do outro lado as claras e transparentes, em que nenhum indício de enriquecimento ilícito consiga passar despercebido.
Política não é – ou não deveria ser – canal de enriquecimento individual ou instrumento que se dobre aos interesses de uns poucos privilegiados.
Segundo a Receita, a fiscalização será rigorosa diante de indícios de enriquecimento ilícito e situação incompatível com a renda e valores declarados ao Fisco.
Haverá um reforço na busca por patrimônios não declarados ao Fisco, com pesquisas de registro de aeronaves, embarcações e imóveis de alto luxo.
O Projeto Herança tem a participação de Auditores Fiscais e Analistas Tributários que trabalham no Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro, sediado em São Paulo.
Que a iniciativa seja coroada de êxito, porque já estamos suficientemente indignados com a falta de escrúpulos de quem deveria trabalhar pelos interesses do povo.
Ficha de político não é passagem pelo SPC, que fique bem claro. Lá o sujeito paga e fica com o nome limpo, é justo.
Agora, ficha de político tem que ser limpa do começo ao fim.
Sempre fui ficha limpa e me sinto no direito de exigir que a classe política brasileira seja cobrada neste sentido.
Termino este artigo citando não um grande gênio da humanidade, mas cada cidadão e cada cidadã do nosso País: “chega de roubalheira!”
Edinho Bez, Deputado Federal.