O erro de Moro e a Lava Jato
O ministro Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol são os personagens políticos da semana. Registre-se que o ex-juiz saiu do tom adequado como magistrado ao fazer conversas indevidas com representantes do MP, como o próprio Dallagnol. Eles atuam no polo da acusação. No mundo ideal e teórico, o juiz deve equilibrar-se entre a acusação e a defesa. Apesar de negar que tenha escorregado, Sérgio Moro foi além do que deveria. Ponto. Dito isto, no mais é preciso ir com muita calma. Muita calma.
É inadmissível agora vir com essa palhaçada, com esse circo, com essa conversa mole, protagonizada por parcela significativa da mídia nacional, de que estaria tudo zerado, anulado na Lava Jato.
Brincadeira tem hora, senhores. Vir com esse papinho furado de solta Lula, solta todo mundo, anula tudo. O que é isso? A Lava Jato alcançou os mais variados partidos, prendeu figuras antes consideradas intocáveis, grandes empresários inclusive; recursos vultosos que foram roubados dos cofres públicos estão voltando ao erário, enfim, houve inúmeros esforços para restabelecer a prática ética na vida pública nacional e simplesmente não dá para jogar tudo no lixo. Por uma meia dúzia de mensagens trocadas entre personagens centrais.
Papelão
Bem como não tem cabimento a OAB nacional e lideranças pedirem a renúncia de Moro. Não seria por uma falha como magistrado que sua capacidade de tocar a pasta da Justiça ficaria inviabilizada. Agora ele está cumprindo outra missão e até aqui vem desempenhando muito bem como titular da esplanada.
Corruptos quo
Está muito claro que essa turma barulhenta – incluindo-se ministros do STF que sempre foram contra a Lava Jato – quer é a volta do status quo, da corrupção endêmica como forma de governo. Falar em anular tudo e soltar todo mundo é brincadeira de péssimo gosto. E absolutamente fora de hora.
Várias cabeças
Tome-se somente o caso de Lula da Silva. Além do então juiz Moro, outros oito magistrados também se manifestaram pela condenação do guru do esquerdismo no sul do mundo. Que a derrapada do ministro e dos procuradores não sirva de pano de fundo circense para anular condenações e soltar gente que deve sim continuar atrás da grades.
Respaldo
O presidente Jair Bolsonaro e o vice, Hamilton Mourão, estão respaldando integralmente a permanência de Moro à frente da Justiça. Os três chegaram de lancha, juntos, a evento alusivo ao Dia da Marinha, esta semana, em Brasília. A ala militar do governo também está com o ministro.
Capitulação
Antes de ser aprovado pelos deputados, esta semana, o projeto que estabelece a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano (PL 89/2019) teve seu relatório votado e aprovado em reunião extraordinária da Comissão de Finanças e Tributação, realizada no início da tarde. Foi durante essa reunião que o governo anunciou, por meio de seu líder na Alesc, deputado Mauricio Eskudlark (PL), que abriria mão da redução do percentual que é repassado para os poderes (duodécimo), Ministério Público Estadual (MPSC), Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) e Udesc.
Projeto específico
A decisão se baseou num entendimento entre a Assembleia, os demais poderes, órgãos e o governo. Conforme o secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, será elaborado um projeto de lei, em conjunto com todos os poderes, para tratar da devolução das sobras de recursos dos orçamentos da Alesc, TJSC, MPSC, TCE e Udesc.