Coincidentemente ou não, depois de abandonar a pauta de direita pela qual se elegeu bem como os companheiros de partido e de campanha, deixando muito claro seu apreço pela esquerda, Moisés da Silva enveredou por um caminho que começa a lembrar, guardadas as devidas proporções, a era PT no governo federal.
Os escândalos de corrupção já começaram a pipocar. Em plena luz do dia. E agora é possível observar, também, que o catarinense pode ter herdado a maldição que assolou os integrantes da Casa Civil nos mandatos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
No contexto federal, de Zé Dirceu a Elizeu Padilha, passando pela própria Dilma, todos os nomeados para a pasta federal neste século até 2018 foram alcançados por sérias dificuldades judiciais.
De forma brusca, inesperada, na sexta-feira, após um mês e meio no cargo, Amandio João da Silva Junior saiu da Casa Civil do governo catarinense.
Ele substituiu o já notório Douglas Borba, que segue preso após o estouro do escândalo dos respiradores.
Novo ritmo
Importante registrar que o governo ganhou novo e célere ritmo após a posse de Amandio. Moisés da Silva colocou um ponto final na clausura, colocando-se à disposição para entrevistas, recebendo empresários, prefeitos; o governador também entrou numa fase mais promissora na liberação de recursos, obras e de alguma maneira havia um fio de esperança para dias menos complicados para o governo na relação com a Assembleia Legislativa.
Plano nacional
A mais recente movimentação que levou as digitais de Amandio foi essa articulação que visa a reaproximar o catarinense do presidente Jair Bolsonaro.
Tudo isso acontecendo e aí todos são surpreendidos pela exoneração, em dia e hora totalmente incomuns em se tratando de cargos de alto escalão.
Versões
Afinal, Amandio João da Silva Júnior foi demitido ou pediu demissão? Há duas versões na praça. Uma dá conta de que o ex-secretário foi comunicado de seu desligamento por telefone.
A outra história informa o distinto público de que empresário teria tomado a iniciativa e pedido demissão da casa Civil.
Degola
Por ora, só há duas certezas nessa situação: de que uma das versões não confere com a verdade e a diferença gritante na atuação de Moisés da Silva no tratamento dispensado a Amandio em relação ao que se fez com Douglas Borba, que encontra-se comprometido até a medula no escândalo dos respiradores. Mesmo assim, foi ele quem pediu demissão um dia depois de ter prestado depoimento à Polícia Civil.
Gatilho ligeiro
O governador demorou demais para agir ali. Já com o substituo de Borba, Moisés foi ao outro extremo. Foi rápido no gatilho. O que pesaria contra Amandio até aqui seria aquela foto dele conversando virtualmente com um dos empresários investigados pela roubalheira na compra dos ventiladores pulmonares.
Estranho
Só que o empresário nem no governo estava e o assunto da conferência on line era outro. Nada tinha a ver com respiradores, Veigamed e por aí vai. Mas ele caiu antes de ir depor à CPI, inquirição que está marcada para esta terça-feira na Alesc.
Oportunidade e tibieza
Ou o governador aproveitou para se livrar de Amandio João da Silva Júnior ou apareceu alguma coisa nos bastidores e que chegou antecipadamente aos ouvidos de Moisés, que degolou o ex-colaborador para evitar mais desgastes. Qual a verdadeira versão? Mas há uma certeza: ao fim e ao cabo, o governo está sem titular da Casa Civil e terá que nomear um terceiro secretário no intervalo de menos de dois meses, mais uma situação que colabora para levar Moisés da Silva ao brete da insustentabilidade política e administrativa!