O Estado sou eu
Chegou a hora de dar um basta àquele que está se considerando o deus do Olimpo, inatingível, inalcançável. Luiz XV, rei da França, é a quem se atribui a frase “O Estado sou eu”. Só pode ser, porque não há mais limites, não há freio. O cidadão faz o que bem entende: caça, prende, ameaça, julga ao mesmo tempo investiga, denuncia, quebra sigilos, telefônico e de internet; coloca muitos em privação, avança em todas as direções. Parece que ingressarmos num caminho sem volta.
Não há mais o que esperar dos seus colegas do Supremo Tribunal Federal, omissos, coniventes, ausentes, medrosos.
Do Senado, algumas vozes se erguem, se insurgem, como as do general Hamilton Mourão, senador pelo Rio Grande do Sul; Esperidião Amin, de Santa Catarina, reiterou suas posições, assim como o outro catarinense, Jorge Seif.
Outros senadores vão na mesma linha, se rebelando contra a suprema injustiça. Mas são a minoria. Rodrigo Pacheco, vassalo contumaz, faz olhar de paisagem presidindo o Senado.
Conluio
Do governo também não se pode esperar absolutamente nada. Muito ao contrário, o conluio está aí na figura do próprio ministro da Justiça, Flávio Dino, que forma dobradinha com o xerifão. Mancomunados os poderes Executivo e Judiciário, parlamentares da base e militantes do PT festejaram a cassação de Deltan Dallagnol, eleito democraticamente com 344 mil votos pelo Paraná. Em cerca de minuto, foi degolado pelo TSE em uma ação sem qualquer base legal.
Algo nunca antes visto na história deste país.
Tibieza
E vai ficar por isso? O Podemos vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal, ou mesmo ao Tribunal Superior Eleitoral. Ah, tá! Santa ingenuidade. O recurso tem chance zero de ser acolhido.
Caminho único
Só uma maneira de colocar um freio no xerifão. É a partir de uma reação da Câmara dos Deputados. O Legislativo não poderia aceitar, sob nenhuma hipótese, essa cassação arbitrária, ilegal e vingativa. Na hipótese da Câmara se acovardar se abriria precedente gravíssimo.
Você amanhã
Assim como o ex-procurador federal foi para a guilhotina nessa semana, amanhã “poderia ser eu”, estão a raciocinar alguns parlamentares, inclusive uns de esquerda que estão a comemorar.
Bússola
E quando o xerifão resolver mudar de lado e buscar parlamentares ideologicamente à esquerda? E quando começar a focar no próprio Lula da Silva? A maioria das supremas togas, tendo Moraes à frente, não quer saber de Lula; querem saber de Geraldo Alckmin.
Boi de piranha
O ex-mito petista foi descondenado única e exclusivamente para tentar desbancar Jair Bolsonaro nas urnas. Alckmin já estava mapeado para vice há muito tempo. Tudo muito claro, à luz do dia.
Clima zero
A sociedade parece que anestesiada. Fora alguns burburinhos que voltaram a pipocar aqui e ali, não há nenhum clima de grande movimentação popular, ocupação das ruas, do asfalto, para reagir ao arbítrio e à ilegalidade.
Rumo incerto
Muitos militantes de direita estão presos e a maioria, amedrontada. Aqueles que ficaram dois, três meses diante do quartel-general do Exército em Brasília em sua maioria viraram réus inclusive. Estão intimidados com essa escalada desencadeada pelo xerifão, de modo que caminhamos para o descontrole total e sabe-se lá como vai terminar essa empreitada.
Próximo da fila
Na medida em que não há uma reação, o faz-tudo do Brasil continua avançando. A próxima vítima, indiscutivelmente, será o senador Sergio Moro. Tudo conduzido para atender as declarações recentes de Lula da Silva, eivadas de ódio: “E eu não sossegarei enquanto não me vingar”. O líder canhoto pronunciou o nome dos dois, Dallagnol e Moro.