Os ulissistas protagonizaram a política catarinense como partido de primeira prateleira desde os anos 1980 até 2018. Rivalizavam, neste período, com Esperidião Amin do então PDS, hoje PP.
Além de bancadas de peso na Assembleia Legislativa do Estado (ALESC), foram inúmeros Senadores, Deputados Federais, e três governadores que o MDB elegeu nesse período. Pedro Ivo Campos, Paulo Afonso Vieira e o lendário Luís Henrique da Silveira.
No entanto, nas últimas duas eleições o manda brasa foi só ladeira abaixo.
Perdeu a metade das cadeiras que tinha na ALESC, e ficou de fora do segundo turno das eleições para governo. Detalhe, nas duas oportunidades compondo a chapa governista: em 2018 com Mauro Mariani na cabeça, e em 2022 com Udo Döhler de vice de Carlos Moises.
Em 2019, o partido deu um chega para lá na sua maior liderança da época, ex-prefeito de São José e da Capital por duas vezes, e Senador da República, Dario Berger, entregando o comando da sigla para Celso Maldaner.
Em 2022, aliados com Carlos Moises, ficaram de fora do segundo turno novamente, e, Celso, então presidente, concorreu ao Senado e não viu a placa do caminhão bolsonarista que elegeu Jorge Seif pelo PL.
Atualmente, o MDB tem no deputado Antidio Lunelli, ex prefeito de Jaraguá do Sul, empresário bem sucedido, que veio de família simples e venceu com empreendedorismo inerente ao catarinense, seu principal nome.
A propósito, Lunelli se posiciona constantemente à direita, o que fica a gosto da maioria do eleitorado catarinense.
Nessas circunstâncias, resta ao MDB prestigiar Lunelli, entregando a ele a presidência do partido para liderar a sigla em 2026 ou manter o comando nas mãos das lideranças mais ao centro.
E aí que mora o dilema dos ulissistas, partido assumidamente do chamado “centrão”, guinar à direita com Antidio na proa e abrir mão da ala mais à esquerda do ex governador Paulo Afonso Vieira, ou correr o risco de perder sua maior liderança.
Até porque, sem a presidência do MDB a tendência é que Antidio seja prestigiado por outras siglas, convites não lhe faltam, e certamente ele não vai repetir o erro de Dário Berger de se deixar levar pelo canto da sereia da velha guarda emedebista.