Dono da maior bancada da Alesc, com nove deputados estaduais, o MDB catarinense está em ebulição. Depois que os três pré-candidatos ao governo, Celso Maldaner, Antídio Lunelli e Dário Berger, botaram o pé na estrada em busca do voto dos 185 mil militantes emedebistas, o estabelecimento das prévias de agosto está subindo no telhado.
O presidente da Assembleia, Mauro de Nadal, declarou com exclusividade ao colunista que não vê com bons olhos a eleição direta nas fileiras do Manda Brasa.
Nadal avalia que, além das dificuldades de mobilização dos milhares de eleitores em plena pandemia, há outro fator preocupante: a disputa pode rachar o partido em Santa Catarina.
O presidente da Alesc não falou, mas o real motivo para a resistência às prévias é pela presença do MDB no governo Moisés da Silva. O partido pilota pastas de ponta, como Fazenda e Educação, além de tantos outros cargos. Complicado. O MDB definiria seu candidato à sucessão do próprio Moisés, que tem a opção de disputar a reeleição se quiser, agora em agosto, mas continuaria no governo estadual? Como essa equação não fecha, o clima esquenta no ambiente emedebista.
Sem chances
O fato, contudo, é que pelo menos um dos três candidatos está fora do jogo com as prévias. Trata-se do senador Dário Berger, que está no seu sétimo partido e nunca fez grupo partidário. Mantém em torno de si o mesmo restrito time de pessoas, a chamada República de São José.
Quem?
Dário não tem prestígio nem influências nas fileiras do MDB. Daí está lançando mão, além de tentear minar as eleições internas, de outros subterfúgios.
Ponte “socialista”
Como os irmãos Berger sempre tiveram alguma proximidade com o PSB, exceção feita ao período em que o Partido Socialista Brasileiro foi pilotado por aqui pelo ex-deputado Paulo Bornhausen, Dário está tentando uma nova cartada. Segundo ele, o PSB, hoje presidido pelo ex-deputado petista Cláudio Vignatti, fecharia apoio ao MDB em 2022 desde que ele, Dário Berger, venha a ser o candidato da sigla à sucessão de Moisés da Silva. Balela que só comprova a falta de apoio e de prestígio dele nas hostes emedebistas.
Convergência
Mauro de Nadal prega a necessidade de se chegar a um entendimento entre os três postulantes.
Inarredáveis
No cenário atual, contudo, parece muito pouco provável que alguém abra mão da luta pela indicação à candidatura a governador pelo MDB. Talvez, e somente talvez, pela condição de presidente estadual do partido, o deputado federal Celso Maldaner poderia abrir mão em favor de Antídio Lunelli. Jamais, no entanto, praticaria tal gesto na direção de Dário Berger.
Sempre candidato
O senador também não dá qualquer sinal de que possa recuar. E não irá fazê-lo, não é do seu perfil.
Por fim, o próprio Antídio, favoritíssimo às prévias, por óbvio, não voltará atrás a esta altura do campeonato.
Oxigenação
Também porque o nome do prefeito de Jaraguá, que já entrou para história ao tornar-se o primeiro reeleito pelo criterioso eleitorado da cidade, é o mais bem aceito pela militância. Os emedebistas já entenderam que precisam de um nome novo, com perfil empresarial e de gestor nem sucedido. Qualidades que Antídio Lunelli demonstra ter ao natural.
Querem distância
Outro aspecto que está neste contexto. Com Antídio Lunelli como candidato, o MDB Barriga Verde se afastaria definitivamente do MDB nacional, que abriga algumas das figuras mais nefastas e purulentas da política nacional. Políticos do quilate de Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá e por aí vai.
