A volta de Moisés da Silva à condição de governador é praticamente líquida e certa. Porque os quatro votos dos desembargadores que não aceitaram a denúncia estão muito consolidados. Quase impossível imaginar que um deles possa mudar de posição. Do outro lado, há os cinco deputados, mas a degola definitiva do governador exige sete votos. O máximo que o grupo que tenta a tomada do governo pode conseguir é o voto do magistrado que acatou a denúncia na sexta-feira, no âmbito do Tribunal Especial.
Neste contexto, seria de bom alvitre Daniela Reinehr não promover grandes mudanças no colegiado.
O grande algoz de Moisés da Silva, Júlio Garcia, na volta do recesso parlamentar, lá em fevereiro de 2021, deixará de ser presidente da Alesc. Voltará ao plenário acumulando as acusações do MPF e da PF. E, de quebra, extremamente desgastado pela Alcatraz e pela maquinação que patrocinou para derrubar o governo.
Na terça-feira, haverá a escolha dos cinco deputados que vão formar o segundo Tribunal Especial de impeachment, este embasado no escândalo dos Respiradores. E nesta segunda, o Tribunal de Justiça promove novo sorteio para definir o quinteto de desembargadores do segundo processo de impedimento. Os cinco magistrados que compõem o atual Tribunal Especial, do impeachment do aumento salarial dos procuradores, vão participar do sorteio e eventualmente podem novamente integrar o segundo colegiado especial.
Esse novo tribunal será novamente presidido pelo desembargador Ricardo Roesler, que é o presidente do TJSC.
Necessário se faz frisar que o segundo impeachment prossegue. Ele não perde o objeto com o afastamento temporário de Moisés da Silva, mesmo com o processo girando exclusivamente em torno do governador.
Pergunta-se: os parlamentares vão ter interesse em seguir com esse segundo impeachment? Um cenário, já bem conhecido, é Moisés da Silva retornar e continuar governador, considerando-se que ele não tem a menor perspectiva de reeleição. Outro, completamente diferente, seria a ascensão definitiva de Daniela Reinehr, com dois anos de governo e o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Ela poderia se fortalecer e entrar no páreo com vistas a 2022, atrapalhando planos de grandes partidos que miram o governo catarinense na próxima eleição majoritária estadual.
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