Coluna do dia

O impeachment, o fortalecimento da pandemia e as eleições em SC

Enquanto a Assembleia Legislativa ficou se distraindo com pedidos de impeachment, ensejando várias reuniões de comissões, do Tribunal Especial, etc e tal, a pandemia acabou relegada a segundo plano em Santa Catarina. Pela própria Alesc. O Judiciário também perdeu o foco porque foi levado para o centro da questão do impeachment e sem falar do próprio governo, que acabou sendo vítima da ofensiva do Legislativo.
Agora estamos assistindo uma segunda onda, severa, de Covid19 em algumas regiões do estado. Circulam vários depoimentos dando conta de que as UTIs e os hospitais estão lotados. Médicos que ainda estavam em quarentena justamente por terem sido alcançados pelo vírus estão indo trabalhar mesmo assim. A situação é delicadíssima.
Concomitantemente, as aulas presenciais estão retornando e, para “melhorar”, estamos há três semanas das eleições municipais. O quadro é especialmente grave na Grande Florianópolis. São quatro municípios que fazem limite entre si e onde há grande intercâmbio entre as pessoas, que trabalham numa cidade e moram em outra.

Clima pesado
Pelos bastidores do poder, já é possível ouvir lideranças aventando a possibilidade de uma avaliação, por parte da Justiça Eleitoral, visando a transferência do pleito marcado para 15 de novembro. Pelo menos nestes quatro municípios (Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu).

Moisés da Silva, o retorno
A volta de Moisés da Silva à condição de governador é praticamente líquida e certa. Porque os quatro votos dos desembargadores que não aceitaram a denúncia estão muito consolidados. Quase impossível imaginar que um deles possa mudar de posição. Do outro lado, há os cinco deputados, mas a degola definitiva do governador exige sete votos. O máximo que o grupo que tenta a tomada do governo pode conseguir é o voto do magistrado que acatou a denúncia na sexta-feira, no âmbito do Tribunal Especial.
Neste contexto, seria de bom alvitre Daniela Reinehr não promover grandes mudanças no Colegiado.

Troca no comando
O grande algoz de Moisés da Silva, Júlio Garcia, na volta do recesso parlamentar, lá em fevereiro de 2021, deixará de ser presidente da Alesc. Voltará ao plenário acumulando as acusações do MPF e da PF. E, de quebra, extremamente desgastado pela Alcatraz e pela maquinação que patrocinou para derrubar o governo.

De novo
Nesta terça-feira, haverá a escolha dos cinco deputados que vão formar o segundo Tribunal Especial de impeachment, este relacionado ao escândalo dos Respiradores. O Tribunal de Justiça já fez o sorteio para definir o quinteto de desembargadores do segundo processo de impedimento. Esse novo tribunal será novamente presidido pelo desembargador Ricardo Roesler, que é o presidente do TJSC.

Segue o baile
Necessário se faz frisar que o segundo impeachment prossegue. Ele não perde o objeto com o afastamento temporário de Moisés da Silva, mesmo com o processo girando exclusivamente em torno do governador.

Dúvida
Pergunta-se: os parlamentares vão ter interesse em seguir com esse segundo impeachment? Um cenário, já bem conhecido, é Moisés da Silva retornar e continuar governador, considerando-se que ele não tem a menor perspectiva de reeleição. Outro, completamente diferente, seria a ascensão definitiva de Daniela Reinehr, com dois anos de governo e o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Ela poderia se fortalecer e entrar no páreo com vistas a 2022, atrapalhando planos de grandes partidos que miram o governo catarinense na próxima eleição majoritária estadual.

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