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O INVICTUS MANDELA

Silvio Luzardo, professor
siluzardo@gmail.com
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Não foram três e nem trinta dias de prisão. Foram 27 anos. E foi dentro dela que Nelson Mandela construiu uma história irrepreensível no silêncio das paredes da cela e no exemplo de ação política que imprimiu em cada dia de sua longa vigília pela liberdade do povo negro da África do Sul. Não há na história recente da Humanidade um ser humano que tenha sofrido as mais impiedosas pressões e humilhações, enfrentado na solidão das paredes as perdas familiares de seus filhos e, sob todas as adversidades, ter se mantido fiel aos princípios que o tornaram forte e reconhecido no mundo inteiro como um líder na verdadeira acepção da palavra. Um líder inquestionável, soberbo, austero e capaz de conciliar o país que encontrou esfacelado pela política do Apartheid quando, em 1990, as portas da prisão lhe foram abertas.
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Inúmeros autores escreveram sobre Nelson Mandela e ele mesmo registrou a sua peregrinação íntima durante quase três décadas. Há um filme, “Invictus”, dirigido com Clint Eastwood que recomendo, principalmente aos que querem seguir a carreira política ou dirigir pessoas. A narrativa, que tem a presença de Morgan Freeman no papel de Mandela, mostra o talento e a capacidade visionária do presidente sul-africano na busca de uma identidade nacional, utilizando o esporte como um vínculo de aproximação entre brancos e negros. Sua estratégia é tão marcante que atribuiu a um jogador “branco” François Piennar, papel de Matt Damon, a missão de integrar e conciliar os extremos através de longos anos de segregação racial.
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Tão importante se tornou o papel de Madiba – seu nome tribal – não só para o continente africano como para o mundo livre, que a ONU instituiu o dia 18 de julho como o Dia Internacional de Nelson Mandela. Este cidadão humilde, se manteve próximo de suas raízes quanto mais forte foi o processo de submetê-lo aos porões do esvaziamento político. Essa força, associada à profissão de advogado de Direitos Humanos, ações de atividade rebelde, e, principalmente, a sua índole e ao seu caráter, moldou na masmorra os pilares da sabedoria que lhe seria exigida para unificar a África do Sul, quando se tornou o primeiro presidente livre daquele país, em 1994, quatro anos após conquistar a sua liberdade, então um imperativo requisitado pela comunidade mundial.
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Quando retiro meu pensamento da África de Mandela e retorno ao meu Brasil, fico fragilizado e inerte, abalado, sem referências. Não posso me envaidecer nem declarar meu apego ao atual mandatário da presidência, pois os que o acompanham também parecem que são de barro, insuficientes e fracos, politizeiros. Os mais recentes líderes populares se deixaram abater e esqueceram suas raízes. Por isso, registro minha reverência a um não nacional. Mandela talvez seja o líder mundial que mais se aproxima da síntese proposta nos versos do escritor britânico Rudyard Kipling no seu famoso poema “SE” de onde extraí para sua reflexão, alguns versos: “se, vivendo entre o povo és virtuoso e nobre; se vivendo entre os reis, conservas a humildade; se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre, são iguais para ti à luz da eternidade…(…), então, meu filho, és um Homem.”
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