Manchete

O mergulho de Décio Lima

Em várias ocasiões, já registramos aqui que o Vale do Itajaí é a região mais bolsonarista do país. Novamente, as cidades dali estão sendo castigadas mais severamente pela chuvarada que assolou Santa Catarina. E que deve voltar com força nesta quarta e quinta. Blumenau, principal cidade da região, é a terceira maior do estado. Coincidentemente, é de Itajaí a liderança mais expressiva do PT Barriga-Verde, Décio Lima. Apesar de ter nascido na ex-cidade portuária, ele já administrou Blumenau por dois mandatos na década de 1990 e início dos anos 2000. Também ex-deputado federal, ele foi o candidato do PT a governador nas duas últimas eleições. Em 2018, sem coligar com sequer um partido de esquerda, teve um resultado decepcionante. Já em 2022, aí como único nome da esquerda catarinense e fazendo dobradinha com seu amigo, correligionário e compadre Lula da Silva, o petista local conseguiu chegar ao segundo turno.

Mais ou menos

Conquistou esse feito também por estar com Lula, mas muito mais porque o centro e a direita acabaram lançando cinco candidaturas diferentes no primeiro turno do ano passado.

Dobradinha

Jorginho Mello carimbou passaporte como mais votado no primeiro round de 2002 porque disputava junto com Jair Bolsonaro, ambos abrigados no PL. SC, todos sabem, é um estado essencialmente conservador e potencialmente bolsonarista.

Quarteto

Como tivemos outras quatro candidaturas de centro-direita com Esperidião Amin, Gean Loureiro, Moisés da Silva e Odair Tramontin, também de Blumenau, os votos conservadores ou antipetistas se diluíram.

Foco

Pergunta-se: neste momento em que vários municípios do Vale estão sofrendo duramente com as cheias, quem teria que se destacar, tomando uma posição de proa, de liderança, de vanguarda? Alguém que ocupa um cargo cobiçadíssimo, com mais de R$ 5 bilhões de orçamento e acesso direto ao presidente? Bingo. Ele, Ele, Décio Lima.

Cara de paisagem

Mas ele simplesmente submergiu, mergulhou, faz de conta que o dilúvio que castiga os catarinenses não é com ele. Mergulhou, mas não nas águas, submergiu de suas responsabilidades e atribuições sobretudo pela posição que ocupa atualmente.

Dupla

Sem contar que ele é marido da deputada federal Ana Paula Lima. Qual o papel que o casal está cumprindo nesse momento? Não se viu um movimento sequer partido dele, nada, omissão completa.

Plantar e colher

O sumiço deles é algo absolutamente surpreendente. E a conta não virá só em 2026, não, quando certamente o petista terá dificuldades para ser o nome do PT numa terceira disputa consecutiva.

Lembrar é viver

Vale rememorar. Em 2006, quando Lula concorreu à reeleição, Desejava então senadora Ideli Salvatti como candidata ao governo. Sua vontade não prevaleceu. José Fritsch deixou o Ministério da Pesca, achando que iria repetir a façanha de 2002, quando por menos de 3% não chegou ao segundo turno contra Esperidião Amin, candidato a reeleição. Foi Luiz Henrique que o enfrentou na grande final

Fique ciente

Lula da Silva alertou Fritsch. Em caso de derrota, ele não voltaria para o ministério. E foi isso que aconteceu. Altemir Gregolin assumiu no lugar de Fritsch e permaneceu ali no segundo mandato do ex-mito.

Incógnita

Ou seja, Lula cumpriu com a palavra e a represália veio. Agora Décio seguramente será o candidato de Lula em 2026, resta saber se ele tem o controle do partido.

Viés

Em SC, a extrema esquerda, a esquerda da esquerda, sempre comandou o partido. Décio não faz parte desse segmento ultra radical, mas será que ele tem o domínio total do partido?

Fatura

Até porque a fatura de tudo o que desgoverno vem fazendo no país e especialmente em relação a SC já vai chegar no pleito municipal do ano que vem. Será surpreendente se o PT fizer duas dezenas de pequenas prefeituras entre os 295 municípios catarinenses.

foto>Sebrae, divulgação

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