O icônico Tancredo Neves, o presidente eleito que nunca assumiu o posto máximo do país, cunhou várias frases. Uma das mais célebres dizia que “o voto secreto gera uma vontade danada de trair.” Diferentemente do regimento interno da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, que estabelece voto aberto e nominal para suas eleições internas, na Câmara e no Senado o voto é secreto. Não por acaso, as horas que antecedem os pleitos que definem os novos presidentes da Câmara e do Senado costumam ser efervescentes. Este ano, não foi diferente. A temperatura subiu muito. E o peso do bloco governista ganhou inúmeras adesões de última hora, que levaram Arthur Lira, na Câmara, a contabilizar 302 votos.
No placar de Santa Catarina, medido pelos bastidores, dias antes da eleição, o jogo estava equilibradíssimo: 8 a 7 para Lira contra Baleia Rossi, que foi o segundo colocado, mas com votação bem menor do que o esperado após a finalização do pleito: 145.
Como os votos são secretos, jamais poderemos saber, com toda certeza, quem votou em quem. É possível, contudo, se ter uma ideia pelas declarações de votos feitas pelos próprios parlamentares.
Entre os catarinenses, oito abriram voto em favor de Arthur Lira (Geovania de Sá, Caroline De Toni, Angela Amin, Coronel Armando, Daniel Freitas, Darci de Matos, Ricardo Guidi e Hélio Costa) e somente dois, emedebistas (Carlos Chiodini e Celso Maldaner), apoiaram Baleia Rossi. Outros cinco parlamentares invocaram o sacrossanto direito de ficarem calados e não tornaram públicas suas escolhas: Carmen Zanotto , Pedro Uczai, Fábio Schiochet, Rogério Peninha Mendonça e Rodrigo Coelho.
foto>Ueslei Marcelino, Reuters, divulgação