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O próximo grande conflito

Tudo indica que a próxima década vai vivenciar uma espécie diferenciada de conflito de gerações: refiro-me ao conflito de gerações por má herança!
Sim, os atuais jovens, muito mais instruídos e conectados do que de outras gerações, defrontarão um conjunto muito robusto de razões para se revoltar contra nós, “das antigas”.
Essas razões compreendem as seguintes mudanças que seus pais lhe legarão:
1. um ecossistema abalado, mal falado e mais “zangado” com os humanos, ensejando desastres ambientais naturais cada vez mais frequentes e ruinosos;
2. proliferação de acidentes decorrentes de projetos inadequadamente elaborados, conservados e executados em obras públicas e de interesse público (especialmente barragens);
3. queda da qualidade de oportunidades e de empregos em função da redução dos índices de crescimento econômico no mundo, especialmente nos países mais ricos. Estes verão a distância que os separa dos emergentes reduzir inapelavelmente;
4. governos insolventes e previdência onerosa. Esta vai impor a esses jovens o preço da velhice prolongada de seus pais e avós, alguns deles aposentados há mais de 50 anos!;
5. pilares da sociedade “corroídos”. Sistemas políticos desmoralizados, sistemas judiciários sob grave desconfiança e de fraca eficácia, além de sistema econômico (capitalismo) cada vez mais submetido à especulação. Além disso, imprensa confrontada por mídias informais que “brotam” de forma imprevista; ou seja, formadores de opinião (e de manifestações) surgem de uma hora para outra, arrasadoramente.
Esses ingredientes geram, explicam e, mais, justificam a revolta da geração emergente.
Vale a pena refletir sobre essa perspectiva, ensaiando cenários e atitudes para fazer face a essa realidade que poderá ser mais ou menos sombria, mas não muito diversa da acima resumida.

 

Esperidião Amin, deputado federal.

 

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