Não se costuma dizer normalmente que uma eleição está decidida com dois meses e meio de antecedência. Mas tudo indica que esse é o caso para a escolha da nova mesa diretora da Alesc. A eleição entre os 40 deputados será em 1º de fevereiro.
As costuras estão muito bem encaminhadas. Entre os parlamentares e também em fina sintonia com o futuro governador.
Jorginho Mello começou as conversas pelo MDB, que hoje tem nove deputados e terá seis na próxima legislatura. Mesmo assim, será a segunda maior bancada na Casa.
O governador eleito já decidiu, em comum acordo com os 11 eleitos do PL, que seu partido não estará na presidência do Legislativo Barriga-Verde.
É fundamental praticar esse gesto. O acordo seria nos seguintes termos. O MDB ficaria com a presidência, num mandato cheio de dois anos, sem divisão; o PL ficaria com a primeira vice, e o PT com a segunda vice-presidência da Alesc.
Eclética
Os demais cargos da mesa ainda estão em aberto. O objetivo, no entanto, é que não haja disputa a partir de uma mesa eclética que está se formando. O nome natural e de consenso dentro do MDB é o de Mauro de Nadal, que já foi presidente e abriu mão de um ano em favor do atual piloto da Assembleia, Moacir Sopelsa.
Cepa
Mauro praticou o gesto ao correligionário considerando que o seu sucessor não disputaria o pleito de 2022, o que efetivamente aconteceu. Os dois são da região Oeste.
Curva ascendente
Mauro de Nadal tem perfil e como já registramos aqui, é correto, atuante e tem excelentes perspectivas de futuro na política.
Na fila
Embora surja o nome forte de Zé Milton, do PP, os sinais indicam na direção do emedebista. Para a segunda metade da legislatura ainda não há conversas alinhavadas.
Pauta única
Na agenda de Jorginho Mello com os deputados do MDB, o assunto foi restrito ao Legislativo. O eleito busca, naturalmente, a governabilidade. Ele cumpriu quatro mandatos de estadual e presidiu da Alesc. Conhece como poucos o funcionamento do Legislativo catarinense.
Fiel
O MDB tem dado demonstrações de fidelidade, de que leva os acordos no fio do bigode. Isso ficou claro nos episódios do impeachment de Moisés da Silva. Quando fechou com o governador, permaneceu ao seu lado até o fim.
Câmara Alta
Não conseguiram a reeleição do atual chefe do Executivo, o MDB perdeu um pouco de musculatura, mantendo as três cadeiras federais e ficando com seis de nove na Alesc. O partido, contudo, vai ganhar quatro anos no Senado com Ivete Appel da Silveira, suplente de Jorginho.
Dinâmica
O MDB andou descontente por um período com o governador eleito. Em 2018, ele se elegeu na coligação com o MDB para o Senado e depois se aproximou do bolsonarismo. Mas as coisas se acomodam. O processo é dinâmico. Nas entrelinhas, está claro que ele quer inclusive contar com o MDB no governo.
Mais à frente
Mas essa pauta é para outro momento, não foi tratada essa semana. Não se pode descartar a hipótese do MDB na gestão que assumirá em janeiro de 2023. A governabilidade está assegurada com esta costura que leva o MDB à presidência do Legislativo estadual.
Participação no governo ainda não entrou no contexto de forma mais aguda.