Uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China, a Evergrande, faz alguns anos que não está conseguindo lidar com suas obrigações, como dívidas e compromissos, que atualmente estão estimadas em US$300 bilhões. Nas últimas semanas essa situação tem repercutido internacionalmente, causando volatilidade nos mercados financeiros, principalmente nas bolsas de valores. Mas qual é a verdadeira ameaça que uma empresa chinesa, não globalizada, representa?
Segundo Rafael Costa, gestor da Próprio Capital, a maior ameaça ao investidor local é a forma que este reage a estas situações. Momentos de estresse sempre são ótimos momentos para investidores reavaliarem suas posições, exercitar a habilidade de não ser levado por visões imediatistas, e conforme suas condições, aproveitar oportunidades. Nessa linha, é importante lembrar que uma típica reação a notícias inesperadas, e geralmente negativas, é a de tomar decisões precipitadas, afetadas pela variação nas cotações e pelo o que os outros estão fazendo. “Esquecendo-se que em bolsa de valores, situações mais desafiadoras são relativamente frequentes, pelo menos duas ou três vezes em todos os anos. Sendo que quando algum fato assume uma grande repercussão, geralmente aparenta que o pior ainda está para acontecer, mas na verdade, é superado com o tempo”, explica. Baseado em sua experiência de mais de vinte anos no mercado de ações, Costa explica que após momentos de estresse, as cotações costumam se recuperar muito mais rápido do que indicam as previsões.
No caso específico da Evegrande, apesar da companhia ter relação com investidores internacionais, as suas operações são concentradas somente na China. Por isso, é muito difícil que ocorram impactos mundiais devido a eventuais dificuldades dessa companhia. Bem diferente de eventos como a atual pandemia da Covid-19 ou a quebra do setor imobiliário nos Estados Unidos em 2008, que tiveram consequência global. Outro aspecto é justamente o fato de estar na China, um país economicamente forte, com estruturas e políticas de governo também abrangentes. Ou seja, existem muitas condições para que essa situação seja bem encaminhada, e a expectativa é que as soluções comecem a aparecer nas próximas semanas.
“Quando falamos em estresse na Bolsa de Valores o maior impacto acontece no primeiro momento com as quedas. Para os investidores de curto prazo esses momentos costumam ser de tensão, mas para investidores que pensam em médio e longo prazo, visando a realização de seus sonhos, essa é uma oportunidade para fazer boas compras”, explica Costa.