Muito provavelmente o deputado federal João Rodrigues, que estava cumprindo pena na Penitenciária na Papuda, em Brasília, deve voltar à atividade parlamentar na semana que vem. Ele conseguiu uma liminar do ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, lhe autorizando a retomar as atribuições para as quais foi eleito dentro dos parâmetros de sua pena, que é de regime semiaberto (dorme no cárcere e fica livre de dia, com algumas restrições.)
A volta do deputado é cercada de expectativas. Ele havia anunciado a desfiliação do PSD, que hoje só tem um parlamentar federal, Cesar Souza. Sua mulher, Fabiana, migrou do PSD para o DEM, assim como o deputado João Paulo Kleinubing. No xadrez de forças entre as legendas, a decisão de Barroso evitou que a seção Barriga Verde do MDB aumentasse sua bancada de deputados federais de cinco para seis.
O despacho do ministro veio no vácuo do anúncio de que Edinho Bez (MDB), primeiro suplente da coligação, assumiria no lugar de Rodrigues por decisão da mesa diretora da Câmara Federal.
Resta saber agora como João Rodrigues vai se comportar politicamente às vésperas das eleições. Com o microfone nas mãos e a estrutura de gabinete à disposição, o parlamentar volta a ter alguma influência no jogo eleitoral.
Bumba meu boi!
Que o governo Michel Temer acabou, todo mundo já sabia. A novidade neste encerramento de semana é que além de ser um cadáver insepulto, Michel Temer dá mostra definitivas de que está assessorado por uma equipe que só faz bater-cabeça. Na Esplanada dos Ministérios, estão mais perdidos do que cego em tiroteio.
Intervenção
Senão, vejamos. O governo fez um acordo com os caminhoneiros para encerrar a paralisação que paralisou o país. Assumiu o compromisso de tabelar o preço do frete. Anunciado o tabelamento, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que defende os interesses do agronegócio, reagiu veementemente. O empresariado defende a lei do livro mercado, da autorregulação baseada na oferta e na procura. Sem intervencionismos do poder público.
Desfritar o ovo
Apesar de pressionado, o Planalto anunciou, quinta-feira, o tabelamento e a redução de 20% no preço mínimo do frete. Para tentar agradar as empresas. Só que as associações de caminhoneiros protestaram e amaçaram com nova paralisação. E já na madrugada de sexta, o governo anulou o decreto com a redução dos 20%. Ou seja, o Planalto está conseguindo desagradar gregos e troianos. É o caos completo.
Crise aprofunda
Enquanto o governo bate-cabeça, o movimento dos caminhoneiros afugentou investidores internacionais. A bolsa despenca e o dólar explode. O valor da moeda americana só não foi parar na lua porque o Banco Central entrou em campo para tentar segurar essa onda perigosíssima. O BC apresentou R$ 20 bilhões de dólares para acalmar o mercado. O valor pode até chegar a R$ 100 bilhões nos próximos dias. Na sexta-feira, a moeda americana deu uma recuada, mas ainda assim segue pressionando o real.
Conjunção de fatores
Tudo isso acontecendo e a campanha eleitoral chegando. E chegando num cenário de incerteza, influenciando ainda mais a economia. Negativamente. O momento é delicadíssimo por tudo isso e também porque a inflação mostra apetite para aumentar, e o emprego, para cair!