Coluna do dia

O retorno e a controvérsia

O plano de flexibilização da quarentena em Santa Catarina, anunciado por Moisés da Silva, está gerando controvérsias entre os catarinenses. Evidentemente que há aqueles segmentos, notadamente impulsionados por setores empresariais, que estão a respaldar as novas medidas.

Setores produtivos, aliás, que vêm exercendo forte pressão sobre o governo. Este, a seu tempo, olha com preocupação a curva descendente da arrecadação estadual. Então, houve convergência nos interesses financeiros entre a iniciativa privada e o poder público neste momento.

Por outro lado, catarinenses mais conservadores avaliam essa abertura como precoce e temerária. Sobretudo porque segundo as autoridades federais, o pico da pandemia deve ser daqui a duas, três semanas. O questionamento é se esse retorno vem na hora certa, se não é prematuro. A Perestroika de Moisés da Silva mereceu até reprimenda pública do colega vizinho, o governador gaúcho Eduardo Leite, conhecido pelo equilíbrio e bom senso.

Leite afirmou que não há embasamento científico no anúncio feito pelo governador catarinense.

Risco

Vale questionar: essa reabertura gradual não estará colocando a quarentena em risco? Outro detalhe. Até quarta-feira da semana que vem, vários segmentos estão autorizados a reabrirem suas portas. Mas os transportes coletivos por ônibus e as escolas seguirão em stand by.

Aí, pergunta-se: como será o deslocamento daqueles funcionários que dependem dos coletivos? E os pais, voltando a trabalhar, deixarão seus filhos onde, já que não haverá escolas nem creches? Com os avós, que formam o grupo de risco do Coronavírus, é que as crianças não ficarão.

Açodamento

O colunista concorda que é preciso haver uma transição no sentido de fazer a economia ir retomando a normalidade. Mas diante do exporto, fica-se com a sensação de que Moisés da Silva pode ter se precipitado. Talvez o ideal seria aguardar no mínimo até o dia 7 de abril. A conferir os desdobramentos.

Poderes

Outra dúvida em meio a tantas que nos cercam nestes dias. Os prefeitos de Santa Catarina irão acatar as medidas de reabertura de Moisés da Silva? Sim, porque os próprios governadores, em sua esmagadora maioria, ignoraram os apelos de Jair Bolsonaro para que tudo voltasse ao normal.

Efeito manada

Também a se observar entre segunda e quarta-feira se o decreto, que estabelece o retorno gradual das atividades comerciais e industriais no estado, será respeitado ou se haverá o efeito manada, com todo mundo à “normalidade.” O governo se expôs ao risco de perder o controle da situação.

Mergulhador

O senador Jorginho Mello – que adota como slogan o termo popular “vamo q vamo” – deu um belo mergulho durante a crise atual. Diminuiu totalmente o ritmo. Os mais gaiatos brincam, afirmando que ele teria tomado chá de sumiço.

Descolando?

Antes da deflagração da crise do Coronavírus, Mello vinha num ritmo alucinante, absolutamente colado a Jair Bolsonaro e seus filhos, atropelando tudo e todos em Santa Catarina para se fortalecer partidária e politicamente com vistas ao pleito de 2022. Certamente, depois das derrapadas de Bolsonaro, o senador está reavaliando o cenário.

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