Jair Bolsonaro, não é de hoje, tem o pé atrás com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD. Os dois foram deputados federais no mesmo período.
O pessedista é um articulador habilidoso, sem sombra de dúvidas. Mas é daquelas figuras carimbadas, espertalhão de plantão.
Está sempre preparado para uma composição. Vamos citar só dois exemplos. Lá atrás, Jorge Bornhausen o indicou como vice de José Serra, quando os dois disputaram as eleições de 2004 para a prefeitura de São Paulo.
Serra havia perdido a eleição presidencial para Lula em 2002. Era o candidato de FHC, de quem foi ministro da Saúde.
Em 2004, o ex-senador venceu a eleição paulista. Aliás, Jorge Bornhausen, à época deixou muito claro. A composição do PSDB com o PFL passava por Kassab. Serra queria outro nome para vice.
Em 2006, o prefeito de São Paulo renunciou para concorrer ao governo do estado e venceu. Depois, em 2010, o tucano renunciou no último ano e disputou novamente a Presidência contra Dilma Rousseff. Perdeu novamente.
No vácuo
Kassab, em 2008, se reelegeu prefeito da maior cidade da América Latina. Contra Paulo Maluf e Marta Suplicy, dois ex-prefeitos. Fez uma boa segunda metade de mandato e se reelegeu. Teve méritos, obviamente.
Meteoro
Em 2016, João Doria Jr. conquistou a prefeitura paulista. Dois anos depois chegou ao governo estadual.
Em 2019, Doria guindou Kassab à chefia da Casa Civil de São Paulo, função semelhante à que desempenha sob a gestão de Tarcísio de Freitas.
Ficha corrida
Com Dória, Kassab não durou seis meses. Foi defenestrado após a aparição de uma série de cadáveres envolvendo o chefão mafioso.
Ele está sempre atento. Sempre de olho. Agora no governo Lula indicou três ministérios na mega esplanada petista.
Tripé
Ao mesmo tempo, atua no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e está com Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito paulista, no projeto de reeleição.
O emedebista sucedeu a Bruno Covas, de quem era vice. Covas conquistou a reeleição contra Guilherme Boulos e morreu poucos meses depois. Nunes administrou praticamente todo o mandato. Kassab, claro, está na prefeitura de São Paulo.
Trio
Então no município Kassab está com o MDB de Nunes; no Estado está com o Republicanos de Tarcísio e no plano federal o chefe do PSD é governo com o PT.
Samba
PT que apoia Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo justamente contra Ricardo Nunes. Ou seja, é um samba do crioulo doido daqueles.
Sem confiança
Essa é a figura que Bolsonaro tem um pé atrás há muito tempo. Bronca que ficou ainda mais acentuada justamente por todos esses movimentos de Kassab. É um oportunista clássico.
Veto
Tanto que o Estadão de São Paulo publicou uma matéria reproduzindo um áudio de Bolsonaro avisando que o PL não apoiará o PSD em nenhuma parte do Brasil.
Respingos
Haverá reflexos em Santa Catarina, evidentemente. Não propriamente em relação a Topázio Silveira Neto. Não se trata de um bolsonarista de cruz na testa. O prefeito da Capital não encaminha sua carreira sob a sombra do Bolsonarismo.
Oeste
Agora a postura do ex-presidente da República traz transtornos evidentes para João Rodrigues, candidato à reeleição em Chapecó; e a eleição em Criciúma, onde Clésio Salvaro ungiu o vereador Arleu da Silveira.
Dificuldade
O problema maior, contudo, é para o prefeito chapecoense. Que é outro oportunista de carteirinha. Vive gravando vídeos e afirmando que é bolsonarista desde sempre, que Jair Bolsonaro estará com ele em qualquer situação.
Convivência
Se o líder do PL adotar realmente o critério de não fechar com o PSD, isso pode dificultar Criciúma, mas criará um quadro desafiador em Chapecó. Bolsonaro gosta de João Rodrigues. Mas a convivência eleitoral poderá tornar-se impraticável.
Lembrar é viver
Não custa lembrar, ainda, que Rodrigues tentou passar a perna em Jorginho Mello na pré-campanha de 2022, quando o atual governador não tinha um aliado sequer. O chapecoense tentou costurar uma chapa bolsonarista com ele próprio na cabeça, Clésio Salvaro de vice e o empresário Luciano Hang ao Senado.
Não vingou, mas Jorginho não esquecerá desse episódio tão cedo.