Coluna do dia

O xadrez político

O xadrez político

Embora a presidente Dilma Rousseff tenha terminado 2015 com vitórias importantes no contexto do impeachment – destaque para a decisão do STF que anulou a comissão oposicionista que avaliaria o pedido -, levando analistas e projetar um início de 2016 melhor para a petista, as previsões foram por água abaixo. Pelo menos momentaneamente.

Já no raiar do ano novo, o governo foi surpreendido pelo surgimento do nome de Jacques Wagner, ex-governador da Bahia e chefe da Casa Civil, em suspeitas graves de corrupção, voltadas para o superfaturamento de obras.

Nestes primeiros dias do ano, o distinto público também já tomou conhecimento de mensagens comprometedoras, envolvendo o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, que já foi preso e agora responde em liberdade, com altas figuras do governo petista. Os diálogos comprometedores também alcançam o ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quadro que já levou o Planalto a colocar as barbas de molho novamente. O sentimento governista de que o mês de janeiro seria mais tranquilo e possibilitaria a recomposição de parte da base aliada não passou de uma miragem!

 

 

 

 

 

Estopim

Se na seara política, o governo federal, mesmo com o surgimento de novas dificuldades, tem boas possibilidades de barrar o impeachment, Dilma Rousseff ficaria sem saída se o povo ganhasse as ruas. Ano passado, apenas eleitores de Aécio Neves foram para o asfalto, o que é insuficiente para motivar deputados e senadores.

 

 

 

 

 

 

 

 

Corda bamba

Enrolado até o pescoço e sem a menor condição moral de seguir à frente da Câmara dos Deputados, é fato que Eduardo Cunha segue controlando cerca de 120 deputados, além de conhecer como poucos o regimento interno da Casa. São pontos que podem segurá-lo no cargo por tempo indeterminado na estofada cadeira que ocupa. Na outra ponta, sabe-se que Cunha é hoje o político mais odiado do país e há farto material mostrando que ele usou o cargo para se beneficiar, mediante propinas, e para atravancar investigações. Neste caso, o STF já teria munição para afastá-lo do cargo.

 

 

 

 

 

 

Tucano na berlinda

Mesmo com o cenário extremamente adverso para Dilma, PT, e também para o PMDB em geral no contexto nacional, Aécio Neves, ainda referência de oposição a partir do recall do pleito de 2014, não consegue decolar. Comporta-se de maneira instável, atirando para todo lado. Mas o pior, os esqueletos de seu governo em Minas começam a sair do armário e teriam poder suficiente para inviabilizar uma nova candidatura presidencial em 2018.

 

 

 

 

 

 

 

Ele quer

E Lula da Silva? Mesmo após cinco anos sem a caneta na mão, ainda conta com o voto de um em cada cinco brasileiros. Ele também é comumente lembrado como o melhor presidente da história, fatores que poderiam leva-lo a rir à toa, certo? Errado. Embora tenha força, em todas as simulações de segundo turno, Lula perde para Aécio Neves, Marina Silva e Geraldo Alckmin. O eleitor também o responsabiliza pelo desastre chamado Dilma. De quebra, ele e sua família estão na mira das investigações da PF no âmbito das Operações Lava Jato e Zelotes.

 

 

 

 

 

 

 

 

Sem sal

Ante ao exposto, o cenário então favoreceria sobremaneira o vice Michel Temer? Não necessariamente. Realmente é ele quem assumiria o país no caso de impeachment de Dilma via Congresso. Além de configurar-se num tipo raro de político, não despertando ódios nem de PT e nem de PSDB. Por outro lado, Temer virou persona non grata no Planalto e vem perdendo protagonismo no PMDB, tendo ficado marcado pela carta, em tom infantil, que mandou à presidente. Some-se a tudo isso, a falta de carisma.

 

 

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