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OAB: discurso e prática em direções opostas

A advocacia catarinense perdeu uma vaga importante e estratégica no Conselho Nacional do Ministério Público. Há dois anos foi eleita para uma das vagas deste colegiado a catarinense Sandra Krieger, de reconhecida competência estadual e nacionalmente.

Ela teria uma recondução natural para mais dois anos, o que é quase uma praxe na entidade. Mas não foi o que ocorreu. Segundo a própria Conselheira, foram utilizados vários expedientes para que ela desistisse da recondução.

Coisas absurdas, como o adiamento de quatro sessões são citadas por Sandra Krieger (as sessões adiadas estavam previstas para os dias 17 de outubro, 8 de novembro e 13 de dezembro de 2021 e 28 de janeiro deste ano). A catarinense havia angariado votos suficientes e era considerada praticamente eleita pelo colégio eleitoral anterior, daí as manobras, espúrias e injustificadas, que adiaram as sessões de votação.

Respeitada por seus pares, inclusive pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras, Sandra Krieger manteve-se firme, apesar dos variados recados que recebeu.

A bancada de Santa Catarina no Conselho Federal não apoiou Sandra na busca de votos e, de quebra, não depositou seu voto na conterrânea, mas sim em dois advogados, um do Nordeste e outro de Brasília.

Fato ainda mais surpreendente é que na eleição do ano passado Sandra Krieger foi apoiadora de primeira hora da então candidata e hoje presidente da OAB-SC, Cláudia Prudêncio, que se elegeu na mesma chapa dos Conselheiros Federais que votaram em bloco contra Sandra.

Pergunta-se, já que as advogadas são conhecidas por puxar o debate sobre paridade de gênero, dentro e fora da Ordem. O que fez Cláudia Prudêncio, a primeira advogada presidente da OAB-SC? Pelo visto, Prudêncio não tem influência junto aos seus Conselheiros Federais ou traiu sua amiga Sandra, quiçá as dias coisas.

Nada, lavou as mãos, deixando tudo a cargo de Horn que, pelo visto, é quem segue mandando e desmandando na Seccional catarinense da entidade.

De Santa Catarina votaram contra a conterrânea Sandra Krieger: Rafael Horn
Pedro Miranda e Gisele Kravchichin (na foto).

O DESABAFO DE SANDRA KRIEGER

Em contato com o blog, Sandra Krieger lamentou a hipocrisia e o retrocesso que imperam na OAB. Salientou que sua recondução seria natural (e quem a conhece sabe de sua competência e seriedade). Ela lembra, ainda, que em 2019, eram duas advogadas na Conselho. Em 2022, o retrocesso para a condição original da entidade. Confira:
“Depois de seis anos como Conselheira Federal de Santa Catarina na OAB Nacional, tendo lutado tanto pela paridade nos quadros da OAB e durante o Mandato de dois anos no CNMP minha recondução era natural.
Desde sua criação em 2005 o Conselho do CNMP teve oito indicações de homens dos quais seis foram mantidos durante quatro anos e, portanto, reconduzidos em dois mandatos.
Neste momento em que a OAB tanto defende a paridade de gênero é absolutamente incoerente que retroceda na indicação. Em 2019 éramos duas advogadas. Em 2022 voltamos no tempo da criação do Conselho.
No meu caso, fui uma integrante de um dos órgãos de cúpula da justiça brasileira com reconhecimento de todos, inclusive do Procurador Geral da República, Augusto Aras.
Muito difícil reconhecer que tendo a presidência da primeira mulher em 90 anos em SC e o Vice-Presidente da OAB Nacional, SC tenha aberto mão deste espaço tão importante.
Não tive o voto nem das mulheres da bancada de Santa Catarina, embora na época da inscrição para a vaga, em setembro do ano passado, o conselho seccional tenha aprovado à unanimidade uma moção de apoio a minha recondução.
Não se abre apenas uma lacuna no trabalho nacional extra muros da ordem por nosso Estado. É incoerente o discurso dos dirigentes de nosso estado. Minha história de vida fala por si…”

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