Manchete

Os bastidores em Florianópolis

A eleição em Florianópolis promete ser eletrizante. Em primeiro lugar, porque o atual prefeito, Topázio Silveira Neto, nunca participou de uma campanha. Em 2020, ele era vice de Gean Loureiro (D), reeleito no primeiro turno, o que não é comum na Capital.

Além desse aspecto, temos como segundo ingrediente o fato da entrada de um ex-prefeito de dois mandatos na disputa em Florianópolis e de outros dois em São José. Trata-se de Dário Berger, (E), que vem como candidato do PSB.
Além dele, também há Pedrão Silvestre, do PP.
Dário belisca na esquerda um pouco, mas, apesar de estar num partido de esquerda, o seu eleitorado é mais de centro. Até mesmo pelos partidos pretéritos que ele frequentou, que foram vários e todos de centro.
Temos aí outras duas candidaturas bem à esquerda: Marquito de Abreu pelo PSOL e o ex-vereador Lela pelo PT.

Trabalhistas

Para se ter uma ideia, o PDT não vai estar nem com o PSOL, nem com o PT, mas com Dário.
De modo que, assim como ocorreu na eleição estadual de 2022, teremos aí a possibilidade de candidaturas ao centro em número de três, podendo surgir outras. E também à esquerda.

Retrospecto

Vale lembrar do resultado da disputa presidencial do ano retrasado na Capital. Bolsonaro ganhou de 53% a 47%. Foi, contudo, o pior resultado dele em todo o território catarinense.

Perfil canhoto

Florianópolis é uma capital com muitos professores, muitos servidores públicos e com um perfil cosmopolita. A direita não tem o domínio absoluto, de modo que imaginar um repeteco de 2020 com eleição em primeiro turno não é provável, embora não seja impossível.

Round final

Seria muito interessante para Topázio Silveira Neto, porque no segundo turno é uma nova eleição. Outro componente que precisa ser apreciado: ultimamente, Topázio anda muito mais no circuito de Jorginho Mello, do PL, que deve indicar o seu vice, do que propriamente no União Brasil, o partido que abriga o seu antecessor, Gean Loureiro.

Distância

Gean não tem sido procurado por Topázio. Está na dele e dá a sensação de que Topázio não deseja uma aliança com União Brasil e nem pretende vê-lo em seu palanque.

Reflexo

Isso pode ser resultado, quem sabe, da aproximação dele com Jorginho Mello, de quem Gean está distanciado há muito tempo. Pode ser também, talvez, por alguns problemas na prefeitura, especialmente o último episódio que vitimou o ex-vereador Ed Pereira.
Ele já era colaborador do governo Gean Loureiro. Topázio quer se distanciar dessas situações desfavoráveis que serão inapelavelmente exploradas na campanha.

Partido

Topázio será candidato pelo PSD. Até porque, para trocar de partido, a lei obriga que isso ocorra seis meses antes das eleições. A leitura é que, uma vez reeleito, antes mesmo de tomar posse para o segundo mandato, Topázio deve buscar abrigo no PL.

Sinais

Há um quase que um consenso nessa direção, não só no União Brasil, como no próprio PSD. Tanto é que os próprios pessedistas também estão um pouco distanciados de Topázio.
Já há colaboradores, aliados, parceiros, correligionários e ex-colaboradores de Gean fechados com Dário Berger. Um deles é Constâncio Maciel. Também o ex-presidente da Casan, que foi secretário de obras de Gean, Valter Gallina, que foi também fiel escudeiro de Luiz Henrique da Silveira.

Observando

Não se pode descartar, neste cenário, a possibilidade de o próprio Gean, ali adiante, estar apoiando o ex-prefeito de quem foi secretário. Dário Berger, registre-se, já foi muito ligado a Jorginho Mello na década de 90 e nos anos 2000.

Rotas

Depois, Dário Berger foi para o MDB, esteve no Democratas, que se fundiu ao PSL, dando origem ao União Brasil.
Gean poderia estar se reaproximando de Dário Berger. O quadro é de uma certa indefinição.

Perspectiva

Mas é líquido e certo que Gean tem dito e reiterado que será candidato a prefeito novamente em 2028. Antes, fazendo escala com uma candidatura em 2026 à Assembleia Legislativa. Para um terceiro mandato de Gean Loureiro em Florianópolis, aliás, não há como se desconsiderar o seu potencial eleitoral. Ele é um eleitor estratégico e o apoio dele a Dário Berger pode provocar o segundo turno.

foto>Daniel Queiroz, arquivo, ND

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