Oxigenação emedebista
O MDB realizou, na última segunda-feira, uma grande mobilização tentando ressurgir das cinzas em Florianópolis. O partido já administrou a cidade lá em 1985, quando foram restabelecidas as eleições diretas nas capitais.
Edison Andrino de Oliveira venceu o candidato de Esperidião Amin, Francisco de Assis Filho, que deixou a Casa Civil (era deputado licenciado) para tentar derrotar o PMDB.
O PMDB levou a melhor. Foi uma espécie de prévia para a eleição, no ano seguinte, de Pedro Ivo Campos ao governo do estado. Também foi a primeira experiência pemedebista no comando da máquina estadual.
O partido tem história. Em Santa Catarina e na Capital. Mais adiante, no segundo mandato de Dário Berger, ele concorreu à reeleição pelo Manda Brasa. Nos primeiros quatro anos estava abrigado no ninho tucano.
O PMDB de Dário, contudo, era muito personalizado na figura dele. O então prefeito não deu a mínima para tradicionais lideranças pemedebistas.
Em março do ano passado, o ex-prefeito deixou oficialmente o partido para filiar-se ao PSB, sigla pela qual tentou, sem sucesso, conquistar a reeleição ao Senado.
O partido sou eu
Dário Berger nunca representou verdadeiramente o PMDB. Nem mesmo como senador, mandato que recebeu quase que de graça de Mauro Mariani, que era o nome natural à Câmara Alta em 2014.
Mariani abriu em favor de Berger. Na época, Edison Andrino disputou contra Dário Berger na convenção do partido.
Qual partido?
O ex-senador nunca trabalhou pelo PMDB e nem por partido algum. Sempre atuou com seu grupinho político de São José.
Sinalização
Voltando à reunião do MDB na segunda-feira, na Capital. Foi prestigiada, representativa, com a presença de deputados, prefeitos e dois ex-governadores. Registre-se, contudo, que a dupla não tem mais votos e nem representatividade dentro da legenda.
Histórico
Estiveram no evento Paulo Afonso Vieira, eleito governador; e Eduardo Moreira, que cumpriu dois mandatos-tampões. Foi três vezes candidato a vice. Este nunca teve votos. Paulo Afonso já teve, mas os perdeu com o episódio dos precatórios e está há muito tempo sem mandato ou cargo representativo. Os dois estavam lá fazendo número.
Tripé
Hoje, o MDB gira efetivamente em torno de três personalidades. Duas de Jaraguá do Sul e uma do Oeste, região do deputado Mauro de Nadal, presidente da Alesc. O parlamentar vai ganhando espaço e se afirmando com perspectivas futuras. Os outros dois também são deputados: Carlos Chiodini (federal reeleito e presidente estadual da sigla) e o estadual Antídio Lunelli.
Erro histórico
Ex-prefeito de Jaraguá, o empresário e hoje deputado estadual tentou uma candidatura ao governo, mas a convenção do MDB em 2022 acabou por indicar Udo Döhler como vice de Moisés da Silva. A tragédia agora é parte da história.
Bons tempos
O MDB deseja voltar a esbanjar, a transbordar musculatura na Capital dos catarinenses. Isso é fundamental para o partido, que hoje não tem sequer um vereador em Florianópolis. João Cobalchini, que preside a Câmara Municipal e é filho do deputado federal Valdir Cobalchini, está alistado no União Brasil. Na janela de março, vai migrar para o MDB.
Chapa
João Cobalchini tem tudo para ser o candidato a vice de Topázio Silveira Neto (PSD). O prefeito tenta atrair o Manda Brasa. Marcou presença no evento, inclusive com o 15 estampado no peito.
Chega pra lá
A estratégia é clara. Se Dário Berger deseja retornar ao MDB, terá que disputar em São José. Na Capital, Inês é morta. O ex-senador já foi atropelado ante sua própria indefinição. Os emedebistas também temem seu perfil personalista e o estilo caudilhesco do ex-senador, que faz tudo girar em torno do grupelho josefense.
Fazendo contas
Na Capital, o jogo do MDB é para ser vice e tentar eleger três vereadores. Topázio está apostando nisso também e não quer ver Dário sendo candidato a prefeito de Florianópolis outra vez.
Diante desse quadro, o que resta além da candidatura do deputado Marquito Abreu, do PSOL? Uma candidatura do PL.
Ventilando
Especula-se que a deputada estadual Ana Campagnolo, recordista de votos à Alesc em 2022 e muito bem votada em Florianópolis, poderá ser o nome dos liberais para tentar tirar Marquito Abreu do segundo turno em 2024.
Fora isso, não há mais nada para acontecer na Capital: Topázio, Marquito e uma candidatura do PL.
É o MDB tentando recuperar o espaço perdido em Florianópolis pegando uma carona com Topázio Silveira Neto em seu projeto de reeleição.