Lula da Silva, bem ao seu estilo, deu mais um show de cinismo em Santa Catarina. Ele veio pela primeira vez ao estado nesta sexta-feira, 9, depois de mais de um ano e meio da posse, e mirou na direção do governador Jorginho Mello.
Aliado de Jair Bolsonaro, o catarinense transformou-se rapidamente num grande desafeto do lulopetismo e dos lulofanáticos. E de parte da mídia nacional aparelhada.
Para delírio da mídia local alinhada, o presidente que saiu da cadeia e das urnas disse que gostaria de ver o governador “em qualquer” lugar do palanque montado para a inauguração.
O líder vermelho também atirou contra o chefe do Executivo catarinense, afirmando que o governador “perdeu uma grande chance”, pois esta é a maior obra rodoviária do Brasil.
Trabalhador convicto
Sobrou, ainda, para o desafeto-mor do petista, Jair Bolsonaro. Lula, um sujeito que não desce do palanque há 40 anos, período em que não sabe o que é trabalhar, afirmou que não gosta de andar de jet-ski, mas gosta de trabalhar. Claro. Lógico.
Hipocrisia pouca é bobagem.
Sintonizados
Renan Filho, ministro dos Transportes, também acompanhou o chefe. Criticou Jorginho por não aceitar a devolução dos quase R$ 400 milhões, aplicados pelo governo Moisés em rodovias federais e obras nas rodovias estaduais.
Posição
O governador quer que os recursos sejam abatidos da dívida que Santa Catarina tem com a União. E se mostra irredutível.
Queda-de-braço
O impasse sobre estes R$ 400 milhões está estabelecido desde que os dois governos assumiram, em janeiro de 2023, e, pelo visto, encontra-se longe do fim.
Escudeiros
Jorginho Mello foi representado pela vice-governadora, Marilisa Bohem, e pelo secretário da Infraestrutura e Mobilidade (SIE), Jerry Comper.
Bem longe
O governador foi ao Espírito Santo. Participou de uma reunião do Cosud, o Conselho que reúne os governadores dos estados do Sul e do Sudeste.
Na moleira
Mas o catarinense não deixou por menos. Gravou um vídeo. Curto e direto. Resumidamente, disse que espera que o governo federal invista realmente em rodovias federais e que não faria sentido participar de inauguração de uma obra atrasada há 12 anos e feita exclusivamente com recursos privados.
Arrecadando sempre
A Arteris Litoral Sul, concessionária que administra a BR-101 e que cobra pedágio nas quatro praças do trecho Norte da rodovia, foi a responsável pela construção do contorno viário, pago com o dinheiro coletado diariamente dos usuários da via.
Caras de pau
Ou seja, Lula da Silva e sua comitiva, sem o menor pudor, vieram a Santa Catarina para brilhar com o sol dos outros. De quebra, sapatearam sobre lideranças locais, especialmente o governador.
Errou
Mas, registre-se, Jorginho Mello errou. Mesmo com todo o tiroteio e embates desde que assumiram, ele deveria, protocolarmente, ter recebido o presidente de plantão.
Jogo de cena
Por fim, toda essa guerrilha política ofusca o principal: a falta de infraestrutura que trava o desenvolvimento de Santa Catarina. O atual governo do Estado atua para virar esse jogo através do Programa Estrada Boa. Já o governo Lula vive a dar desculpas esfarrapadas para obras que não andam nas BRs 280, 470 e 282, só pra citar três das principais.