Em um discurso emocionado, de mais de trinta minutos, em que citou Nelson Mandela, como referência de liderança mundial, a líder do Governo, deputada Paulinha (PDT) desabafou que está envergonhada da atual postura adotada pelo Parlamento catarinense, que em detrimento e em um total desrespeito a plena democracia e dos mais de 5 milhões de votos que o atual Governo catarinense contabilizou nas urnas, uma minoria de homens e mulheres, 40, deputados e deputadas eleitos, querem cassar um mandato eleito pelo povo.
“No que concerne aos pedidos de impeachment, estou com vergonha do parlamento”, disse. Para ela, o atual Parlamento está prestando um desserviço para Santa Catarina.
“ Me desculpem, mas aqui no parlamento, até um projeto de lei que dá nome a uma rua, uma escola, se pode conceder direito de vistas. Eu pedi vistas de um relatório por 5 sessões, uma semana e meia. Não com o objetivo de procrastinar nada. Nem era meu interesse fazer qualquer pedido de vistas, em principio. Mas a semana que passou trouxe novos fatos sobre o caso dos respiradores. Fatos que, se chegassem ao processo, poderiam inocentar o governador. E esse direito me foi negado, por conta de um ato da mesa”, disse.
Defendendo que o que está acontecendo em Santa Catarina é uma insensatez, pois todos os atos que responsabilizam o Governador e sua vice, há claras evidências que contradizem essa culpabilidade.
“Nesses tempos estranhos e cinzentos sentimos a temperatura do parlamento aquecer. O estilo do governo, diferente do que conhecíamos em termos relacionais, não ajustou-se à Casa. A pandemia nos tirou do prumo em todos os sentidos. E o parlamento acolheu dois pedidos de impeachment”, disse.
Para ela, o que está acontecendo no cenário politico é um atropelo, uma afronta ao processo democrático de direito.
Ainda comentou que bem aqui nesta casa de leis, se conhece o gosto amargo de um julgamento injusto. “Infelizmente ainda é comum na vida pública enfrentar esse tipo de desafio, patrocinado por adversários políticos. E eles geralmente deixam marcas profundas na alma dos inocentes. A sensação de impotência nos corrói as vísceras, o peito reclama, o espírito chora, a família sofre. O maior patrimônio de um homem de bem é a sua reputação, a sua honra, e quando ela é manchada sem razão, feridas expostas não cicatrizam”, disse.
A parlamentar reafirmou, com convicção, que esse processo de impeachment da forma como se apresenta é mais um passo em falso, mais um grande erro, que Parlamento deveria evitar. “ Faço hoje esse alerta, em alto e bom som, e faço um apelo, com muito respeito e humildade”.
Apesar dos apelos da parlamentar, o Plenário da Assembleia Legislativa de Santa Catarina autorizou, na sessão desta terça-feira (20), a instauração de um segundo processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés da Silva (PSL). A medida está prevista no Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 11/2020, aprovado com 36 votos favoráveis, dois contrários, uma ausência e uma abstenção.