Amigo pessoal de Jair Bolsonaro há mais de 30 anos, o deputado federal Rogério Peninha Mendonça, emedebista de quatro costados, se manifestou publicamente contra o processo de impeachment de Moisés da Silva e da vice-governadora, Daniela Reinehr.
Como é deputado federal, Peninha não votará pela cassação ou não dos mandatos, o que deve ocorrer nos próximos dias na Assembleia Legislativa.
Peninha é ligado ao deputado estadual Jerry Comper (E), que tem sido agraciado com muita atenção por parte do Centro Administrativo, algo bem incomum em se tratando de deputados estaduais. Quase dá pra dizer que Comper é um privilegiado. Pelo menos era até antes da pandemia.
O governo apostou nele para fazer um contraponto à oposição ferrenha do deputado Milton Hobus, do PSD. Comper e Hobus têm base política no Alto Vale do Itajaí. O MDB tem nove votos na Alesc e pode ser o fiel da balança, tanto para um lado como para o outro.
Confira a nota do deputado federal Rogério Peninha Mendonça.
“Por que sou contra o impeachment do governador Moisés e da vice Daniela
Primeiro, porque os dois processos são puramente por motivação política. Pode-se acusar o governador de tudo, menos de desonesto. Tem se mostrado um homem íntegro, seja no decorrer de sua carreira militar, seja no Centro Administrativo. E podemos dizer o mesmo de sua vice Daniela.
Em relação ao aumento dos procuradores, ele nada mais fez do que cumprir decisão judicial – ato referendado pelo Ministério Público e também pelo Tribunal de Contas. A inclusão da vice, então, é uma “forçação de barra” jamais vista na história política de Santa Catarina.
Em relação aos respiradores, é verdade, houve um equívoco na decisão de pagar antecipadamente, mas que aconteceu de forma semelhante em 24 estados da Federação. São o caso de São Paulo, Pará, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e estados do Nordeste. No afã de salvar vidas, houve uma precipitação grande de muitos governos estaduais e municipais. Inclusive empresas privadas, como é o caso da INTELBRAS, também foram lesadas nestas transações.
Outro ponto importante: seria agora, em meio a uma pandemia, o momento adequado para enfrentarmos uma crise política sem precedentes na nossa história? Não vejo mobilização da sociedade catarinense pelo afastamento do governador e da vice.
Respeito a decisão e a autonomia dos legisladores, mas, caso eu fosse deputado estadual, não votaria pelo afastamento do governador. Uso, inclusive, uma lição que aprendi com o ex-governador Luiz Henrique: “Brigue com todo mundo, mas nunca brigue com a tua consciência.” Neste caso, acho difícil que a consciência de qualquer deputado lhe diga que o governador é corrupto e deva ser afastado.
Aliás, a decisão é tão importante, que no caso dos deputados do MDB, deveria ser discutida e compartilhada com a Executiva do partido. Por fim, duvido também que a Justiça referende, caso venha a acontecer, a deliberação política pelo afastamento.
O impeachment é um instrumento que deve ser usado em casos extremos. Banalizar este mecanismo é imprudente e temerário. Um caminho sem volta que precisamos evitar.”