O alto escalão do governo do estado, a começar pelo próprio governador, está, como diz o dito popular, mais perdido do que cego em tiroteio EM plena pandemia.
Enquanto no Executivo se bate cabeça, em outros poderes o trabalho de investigação começa forte. No Gaeco (que reúne polícia e ministério público, com o suporte eventual de servidores da Fazenda e auditores), já começou a partir do primeiro depoimento da servidora exonerada, Márcia Pauli.
Isso já desencadeou uma manifestação do Ministério Público, na figura do procurador geral de Justiça, Fernando Comin, solicitando, ao Tribunal de Justiça o afastamento do agora ex-secretário de estado da Saúde, Helton Zeferino.
Muito provavelmente esse movimento de Comin desencadeou a tal reunião, no começo da noite de quinta-feira, entre o governador e Zeferino, quando decidiram que o segundo pediria a conta. A situação já era praticamente insustentável. Tudo levava a crer que a desembargadora Vera Copetti, a mesma que mandou suspender o suspeitíssimo negócio do hospital de campanha de Itajaí e que recebeu o ofício de Comin, mandaria o governador demitir o amigo, colega de farda e homem de sua confiança.
Para evitar esse risco, Zeferino se demitiu. Já na próxima segunda-feira, pois não há tempo a perder, o ex-secretário será ouvido pelo Gaeco. Que também deverá colher outro depoimento de Márcia Pauli.
Evidentemente que, por parte do Gaeco, não há vazamento de informações sobre as investigações, mas elas acabam chegando por outras vias. De uma dessas fontes, de dentro do próprio governo, indicam que provavelmente há pelo menos mais um integrante do primeiro escalão implicado nesta situação. Vale lembrar que o pagamento dos R$ 33 milhões para os respiradores coincide com a operação do desastroso hospital de campanha que seria instalado em Itajaí. Este combo de barbaridades foi articulado e executado entre o fim de março e inicio de maio, estabelecendo uma conexão entre os dois casos. Quem, dentro do governo, tinha interesse nesse encaminhamento?
Questão técnica
A exoneração de Zeferino não pode ser recebida pela sociedade como uma confissão de culpa por desvio de dinheiro, se isso vier a se comprovar. Mas ele tinha responsabilidades muito sérias como ordenador primário das despesas. Pelo que conhecei de Zeferino nestes 16 meses em que ele pilotou a Saúde, não acredito que haja suas digitais em corrupção.
Ponto central
O que se questiona sobre Helton Zeferino agora é o seguinte: ele teria assinado o negócio sem ouvir o governador, só levando em conta a orientação de outro colega de colegiado?
Se assim procedeu, de quem se trata a origem para uma ordem dessa natureza? Quem é o outro integrante do secretariado que tinha interesse nesses dois assuntos?
Agilidade
Moisés da Silva precisa agir rapidamente. Antes que seja tarde. Já podemos dizer, diante de tudo que temos assistido, que seu mandato está em risco. A CPI na Alesc começa efetivamente na semana que vem. Se o governador não tomar posições firmes, e rápidas, pode acabar atropelado pelos acontecimentos políticos.