Blog do Prisco
Coluna do dia

Perplexidade

Este o termo para tentar explicar o sentimento do colunista e de muitos catarinenses diante das notícias que chegam do setor de saúde pública estadual.
Depois do nebuloso e desastroso episódio do hospital de campanha em Itajaí, que tinha furo grande, mas acabou suspenso pelo governador antes de qualquer prejuízo à viúva, agora veio à tona a denúncia da compra de 200 respiradores de uma empresa vetada a três anos pelo governo federal e que em cujo endereço sede funciona uma casa de massagens na baixada fluminense! Ao custo de R$ 33 milhões, pagos adiantados em uma operação que levou pouco mais de 5 horas. Um recorde para um valor tão alto sem sombra de dúvidas.
No momento em que deveríamos estar com atenções voltadas para o combate ao coronavirus, as manchetes estão em torno de possíveis desvios de conduta do governo estadual.
O decreto de calamidade pública, que não é exclusividade de Santa Catarina, possibilita agilidade nos trâmites de compras de equipamentos e insumos, mas deveria primar pela retidão na condução. Não é o que está parecendo em relação à Saúde.

Gravidade
O caso dos respiradores é gravíssimo. Muito mais grave do que o anterior envolvendo o hospital de campanha. Como se transferem R$ 33 milhões para uma empresa que tem tudo para ser de fachada, fantasma?

Superfaturamento
E ainda por cima com valores superfaturados. Um respirador custa, em média, R$ 65 mil, mas nesta operação, cada unidade custou R$ 165 mil. Outro aspecto. Em Santa Catarina, várias empresas estão produzindo respiradores. Se comprassem de uma empresa local, os recursos ficariam aqui, preservando e até gerando empregos.

Alternativas
Não há outra alternativa. Ou foi incompetência ou má-fé. Na terça-feira, quando o caso estourou, o governador perdeu uma excepcional oportunidade de se manifestar durante coletiva de imprensa. Mas não, ele se recusou a responder perguntas dos jornalistas.

Nota lacônica
Na sequência, a secretaria de Saúde soltou uma nota mixuruca, falando que havia instaurado uma auditoria e que havia sido afastada uma funcionária de quinto escalão.

Alto escalão
Ora, isso não é assunto nem para gerente, nem para diretor de departamento. É de competência de cargos elevados, como secretário de estado, no caso, dois (Saúde e Fazenda) e até para o governador. Por isso, a revolta e indignação de parte dos deputados estaduais, que até vinham sendo receptivos ao governo.

Investigações
Em seu pronunciamento, ontem de meio dia, Moisés da Silva transmitiu informações de que há investigações internas em curso. Novamente, não houve perguntas de jornalistas. A fala do chefe do Executivo foi inconsistente. Pelo visto, o governador está tão surpreso e sem informações quanto a maior parte da sociedade.

Abrangência
Seria uma ingenuidade imaginar que está tudo ótimo. Vamos aguardar as investigações dos órgãos do estado e ponto. Claro que não será assim.

Origem do dinheiro
Os recursos utilizados na operação eram estaduais ou federais? Isso vai balizar em que esfera se darão as investigações sobre o caso, se na estadual ou na federal. Evidentemente que diante do quadro, onde não é possível crer na fé pública do governo, outras instituições entrarão no circuito. Casos de TCE e MPSC.