Durante o “Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite”, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta semana, o deputado federal e secretário geral da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite (FPPL), Rafael Pezenti (MDB), subiu o tom. Ao discursar no evento promovido pela FPPL, Pezenti sugeriu medidas e cobrou que o governo federal interfira imediatamente para suspender a importação predatória de lácteos vindos de países do Mercosul, especialmente do Uruguai e da Argentina. Somente neste primeiro semestre, o Brasil triplicou as importações em comparação com o mesmo período do ano passado.
“A gente precisa que a mão pesada do governo aja a nosso favor. É preciso investigar países que estão exportando mais leite do que produzem. Precisamos colocar vigilantes sanitários brasileiros fiscalizando os laticínios da Argentina e do Uruguai, porque o leite que vem de lá tem que ter a mesma exigência de sanidade do leite produzido aqui e, certamente, não tem. As medidas anunciadas recentemente não são suficientes. Ou o governo age agora ou será tarde demais”, destaca Pezenti.
De acordo com o parlamentar, o setor leiteiro nacional vive uma de suas maiores crises, agravada pela redução do valor pago no litro do produto e pelo aumento dos insumos. Com a concorrência desleal dos lácteos importados dos países vizinhos, trabalhadores brasileiros envolvidos na cadeia produtiva estão abandonando a atividade, trazendo forte impacto econômico e social para o país.
“Será que o governo vai esperar ainda mais? Quando ficarmos reféns do mercado externo, nenhuma ação resolverá. Se os produtores tiverem que vir a Brasília novamente para pedir socorro, trarão vacas para pastar na Esplanada e derramarão um caminhão de leite na frente do Palácio do Planalto, porque o mundo precisa saber como o Brasil trata quem produz leite aqui”, lamentou o deputado.
Estima-se que o setor leiteiro no Brasil gera emprego e renda para mais de quatro milhões de famílias. Em 98% dos municípios se produz leite. Mais de 80% desses produtores são da agricultura familiar. Em Santa Catarina, 5º maior produtor nacional, existem cerca de 50 mil pessoas que atuam no segmento e produzem cerca de 8,5 milhões de litros por dia.
O encontro contou com o apoio da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (ABRALEITE), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e reuniu centenas de produtores e pecuaristas, sindicatos, associações, cooperativas, demais entidades da pecuária leiteira e agentes políticos