O quadro eleitoral em Santa Catarina está claramente polarizado, com tendência de segundo turno entre Mauro Mariani (MDB) e Gelson Merisio (PSD). Até porque, não haverá mais duas ou três candidaturas do mesmo espectro político, levando Esperidião Amin, Gelson Merisio e Paulo Bauer a disputarem os votos em nicho eleitoral semelhante. O cenário de cinco grandes candidaturas evaporou. Enquanto Bauer bandeou-se para os lados do Manda Brasa, Amin recuou e compôs com os pessedistas.
Correndo por fora, aparece Décio Lima, candidato do PT. Sem sombra de dúvidas, o nome mais preparado e articulado do partido. O problema é o desgaste brutal do PT em Santa Catarina, aliado ao histórico da legenda no Estado. São pontos que trarão dificuldades para o petista.
É uma realidade que leva a concluir que, efetivamente, não existe outra perspectiva que não seja a de segundo turno Mariani e Merisio. Ah, pode acabar já no primeiro turno? Pouquíssimo provável. Senão, vejamos.
Por mais desgastado que esteja, o PT dificilmente fará menos do que 15% dos votos. Ainda mais se considerarmos que em 2014, tendo Cláudio Vignatti sozinho, o partido conquistou 14% do eleitorado. Ponderando, também, que há outras cinco candidaturas ao governo neste ano (PSL, PSTU ,PSOL, PCO e Rede). De menor porte, é verdade, mas que podem, juntas, somar de 5% a 10% dos sufrágios.
É um contexto que não permite imaginar que Mariani ou Merisio desgarrem, liquidando a fatura no primeiro round com 50% mais um dos votos. O pleito de 2018 tem tudo para ser absolutamente equilibrado e de resultado totalmente imprevisível.
Parlamentares
O quadro eleitoral catarinense também tem três parlamentares entre os oito candidatos que se apresentaram. Um estadual e dois federais. Justamente os três postulantes que largam com mais força. Eles nunca disputaram uma majoritária estadual, embora tanto Mauro Mariani como Décio Lima já tenham sido prefeitos. De Rio Negrinho e Blumenau, respectivamente. Gelson Merisio sempre foi deputado e no último pleito, para estadual, atingiu impressionantes 130 mil votos.
Volta às origens
O atual contexto de polarização eleitoral no Estado remete ao ano de 1982, quando Esperidião Amin e Jaison Tupi Barreto disputaram voto a voto o governo. Era PDS contra PMDB. Amin venceu por estreitíssima margem de votos (12,5 mil).
Voltando ao século 21, o PSDB está com o MDB desde 2002, quando da primeira eleição de Luiz Henrique da Silveira. Os tucanos permaneceram no projeto em 2006, reeleição de LHS, e 2010, oportunidade na qual Raimundo Colombo conquistou o governo catarinense. Em 2014, os tucanos acabaram tomando outro rumo e lançaram Paulo Bauer ao governo, com o PP de Joares de Ponticelli de vice. E Paulo Bornhuasen, PSB, ao Senado.
Rearranjo
Na outra ponta, o MDB estava com o PSD desde 2006, ano reeleitoral para Luiz Henrique da Silveira. Permaneceram juntos também nas duas vitórias de Raimundo Colombo no primeiro turno (2010 e 2014). Mas agora acabou o casamento e a política Barriga-Verde volta às suas origens porque o PMDB segue como MDB e o PDS se aglutinou em PSD, PP e DEM. O PDS deu origem ao PP e ao PFL. E este originou o DEM e o PSD.
História
Vale lembrar que o PSDB nasceu de uma dissidência do MDB, mediante articulação do quarteto paulista Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro, José Serra e Mário Covas. Ou seja, agora o tucanato voltou ao leito original em Santa Catarina.
A foto é do competente colega Altair Maganin, colunista do Jornal Notícias do Dia e colaborador do Grupo RIC/Record.