Áudios entre colegas de farda mostram que a Guarda Municipal pode ter sido usada como manobra política, ação que resultou em divulgação midiática de acusações contra o ex-governador Leonel Pavan
A semana começou agitada em Balneário Camboriú e na vizinha Camboriú. Tudo em função da divulgação de áudios em grupos de WhattsApp sobre uma suposta trama para beneficiar as campanhas de Leonel e Juliana Pavan. O prefeito de Balneário, Fabrício Oliveira, bem como os candidatos a prefeito e a vice pelo PL potencializaram pela mídia tradicional e pela internet a divulgação dos áudios, fazendo acusações abertamente contra os dois candidatos.
Juliana reagiu rapidamente pelas vias legais. Sugiram dúvidas sobre a competência da Guarda Municipal de Balneário Camboriú na abordagem e apreensão do veículo do jornalista Glauco Piai, no último dia 27.
Assim como a origem dos áudios divulgados pelo prefeito Fabrício Oliveira (PL) e seu candidato à sucessão à Prefeitura de Balneário Camboriú, Peeter Lee Grando (PL), já estão sendo questionados na Justiça. A apreensão pode ter sido uma armação do prefeito Fabrício, via Guarda Municipal, que é subordinada ao chefe do Executivo.
Novos áudios passaram a circular na internet, dando a clara impressão de que integrantes da guarnição que fez a operação poderiam estar a serviço da campanha de Peeter Grando (22).
O caso está sendo investigado pela Divisão de Investigação Criminal (DIC), que apreendeu os celulares de Glauco Piai.
O que causa estranheza, ainda, é que, mesmo com os celulares do Glauco Piai apreendidos na Polícia Civil, áudios particulares dele começaram a circular pelos grupos de WhatsApp, sendo depois amplamente divulgados pelas redes sociais do Prefeito e seu candidato Peeter. A pergunta que fica é: Como o prefeito e seu candidato tiveram acesso a esses áudios se os aparelhos de Piai estavam apreendidos pela Polícia Civil?
Buscando maior destaque para o assunto, o prefeito Fabrício Oliveira, em plena terça-feira, marcou uma coletiva para tratar do assunto, que ele mesmo denomina como “crime eleitoral”.
O assunto, que aponta, sem provas, o candidato a prefeito de Camboriú, Leonel Pavan, como envolvido com o jornalista Glauco Piai, recebeu dimensão nacional, ganhando as manchetes da Folha de São Paulo, em reportagem publicada nesta terça-feira (1).
Áudios de integrantes da Guarda Municipal de BC – conversa ao telefone, já circulam, colocando em xeque toda a veracidade das alegações do prefeito. Confira parte das descrições abaixo. Segundo consta nos áudios, em uma conversa entre colegas de farda, toda a operação teria sido forjada.
Confira:
– “O pessoal da Inteligência gerou nos rádios uma ocorrência como se fosse um assalto em Brusque”.
– A inteligência daqui estava acompanhando um assalto em Brusque?
– Pois é. Estranho, né? (risos)
– Abordaram o carro, o Castanheira e o pessoal que faz o pós-crime da Guarda…
– A Guarda tem um pós-crime, agora?
– É, pra ti ver…
– Pela Rádio Corredor, eles já estavam acompanhando esse cara…estão trabalhando em campanha…
– O pessoal da inteligência ou pós crime?
– Os dois
– Andaram pesquisando o cara, foram no condomínio para pegar a placa do carro do cara, estão procurando coisa de política
– Então já estavam cuidando do cara faz tempo, isso é fita toda dada. Será que teve dedo duro na jogada ou é coisa de política mesmo?
– Cara, acho que tão procurando alguma coisa política mesmo…
– Pra variar estão usando a Guarda pra fazer manobra política, né?
– No fim fica ruim…é bucha. É rabo de foguete isso ai.
foto>divulgação