Tenho um amigo em Florianópolis, empresário com uma história bem sucedida, com o qual tenho o hábito de compartilhar ideias sobre os mais variados temas, mas em especial sobre política e economia. Nem sempre concordamos um com as ideias do outro.
No entanto, em quase 20 anos de convivência, sempre fizemos questão de colocar a amizade e o respeito que existem entre nós acima de qualquer divergência de opiniões.
Semana passada, em mais uma conversa nossa virtual – sim, nós dois concordamos que o distanciamento social é importante para que se combata a disseminação do vírus-, chegamos a uma mesma e urgente conclusão.
Conclusão esta que vem se desenhando já há algum tempo. Qual seja? Alguém precisa dizer com todas as letras: o Brasil precisa de um projeto de país, precisa de um norte, precisa de diretrizes, precisa de um plano de voo, porque do jeito que está parece que estamos voando em meio a nuvens, sem saber para onde ir, sem destino, ao acaso.
Um dia o Ministro da Saúde diz que comprou 46 milhões de doses de vacinas do Butantan. No dia seguinte o presidente diz que não vai comprar nenhuma vacina do Butantan. Dois meses depois o presidente manda comprar todas as vacinas do Butantan.
Dá pra entender?
O presidente diz que não vai tomar vacina e faz campanha contra a vacina. O vice-presidente diz que vai tomar vacina, sim, que tomar vacina não é uma decisão individual, mas, coletiva, no que o Mourão está para lá de certo.
O presidente continua sua cruzada contra a vacina. Aí vem o ministro da economia Paulo Guedes e declara que só com a vacinação haverá a retomada da economia e volta dos empregos.
Quem tem razão?
O presidente cria o Renda Brasil para substituir o Bolsa Família. No dia seguinte volta atrás.
O ministro da educação tem como preocupação cortar as verbas do ensino público fundamental, dificultar o acesso às universidades públicas e zerar o apoio à pesquisa nas universidades.
O ministro das relações exteriores emite nota sobre a invasão do congresso americano de certa forma justificando o ato selvagem dos “trumpistas”.
A Ford, depois de 100 anos de Brasil, decide abandonar o Brasil, agravando nosso já grave problema de empregos com a perda de mais de 20 mil vagas entre empregos diretos e indiretos.
E enquanto o Brasil atinge a terrível marca de mais de 200 mil mortos, nos fins de semana o presidente sai por Brasília para passear de moto e comer pastel nas padarias, sem máscara, aglomerando inocentes, como se estivesse tudo bem. Como se essas mais de 200 mil mortes não tivessem nada a ver com ele, com seu governo, com suas decisões.
Está na hora de dar um basta.
De pensar em como sair desta pandemia preservando vidas. O que podemos fazer neste momento pela educação de nossas crianças e jovens, de como retomar a economia e os empregos na vida real e não apenas nos discursos.
Difícil? Claro que é difícil. Mas são nos momentos de dificuldades que são forjados os grandes líderes. Não há mais lugar no Brasil para ficarmos de braços cruzados.