Coluna do dia

Prefeitos na mira

Iniciamos a semana ainda sob os reflexos da ação do Gaeco que prendeu mais dois prefeitos de Santa Catarina, Antônio Ceron (PSD-Lages) e Vicente Correa Costa (PL-Capivari de Baixo). É uma vergonha para o estado que, frequentemente tem ficado de fora dos grandes escândalos nacionais, leia-se Lava Jato e tantas outras investigações no contexto federal.

O catarinense tem fama, justa, de ser honesto, compenetrado, empreendedor e trabalhador. Santa Catarina tem perfil exportador, inovador. A economia é das mais diversificadas e, em que pesem os enormes gargalos de infraestrutura, temos um corredor logístico via BR-101 que engloba cinco portos importantes (Itajaí, Navegantes, São Francisco do Sul, Itapoá e Imbituba). Sem falar na distribuição da terra e da produção rural, onde predominam pequenas e produtivas propriedades agrícolas. Enfim, vivemos num estado ajustado e pujante.
Mas que vem sendo chacoalhado na seara política desde 2022, a partir do excelente trabalho do Gaeco, que entrou no circuito para investigar um esquema de corrupção no segmento de coleta e destinação lixo. Nos últimos dois meses, seis dos 295 prefeitos catarinenses foram para o xilindró.

Sexteto

Hoje temos 289 mandatários municipais no exercício pleno de seus mandatos. Na última quinta-feira, o Gaeco prendeu os prefeitos de Lages e de Capivari de Baixo.
Em dezembro, foram presos outros quatro chefes de Executivos municipais (Pescaria Brava, Itapoá, Papanduva e Balneário Barra do Sul).

Negativo

Os quatro primeiros detidos, que estão presos desde dezembro, tentaram habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no STF. Todos foram negados nas cortes superiores, assim como já haviam sido negados no Tribunal de Justiça, o foro privilegiado para o qual os alcaides se reportam.

Modus operandi

Durante as investigações só cresceram as suspeitas, seríssimas, de fraudes em licitações, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e também de lavagem de dinheiro.

Tarrafada

É algo delicado. Temos hoje presos, além dos seis prefeitos, vários secretários municipais, outros agentes políticos e empresários.

Pivô

Os investigadores identificaram um empresário que levava os recursos aos envolvidos, em espécie, dentro caixas de papelão. Esse sujeito está abrindo o bico, entregando outros agentes públicos e prefeitos. É nitroglicerina pura.

Ele também!

Para aprofundar o abismo, prefeitos também estão delatando colegas de outros municípios. O quadro é complexo e mostra como o gestor público não aprende. Resta provado que dá para atuar de forma republicana, caminho que infelizmente é ignorado por algumas lideranças políticas.

Resgate

Já foram recuperados R$ 1,3 milhão em espécie e, bloqueados, a bagatela de R$ 280 milhões em contas bancárias. É algo que envergonha Santa Catarina.

Ilimitada

A empresa privada Serrana Engenharia Ltda atende a maioria dos prefeitos que contrata esse tipo de serviço em Santa Catarina. Em Lages, para termos uma ideia, Antonio Arruda, secretário de Administração e Finanças, preso junto com o prefeito Antonio Ceron, é alguém que trabalhou em duas das três gestões de Raimundo Colombo, quando este foi prefeito da cidade.

Bambu e flecha

O Gaeco sinaliza para novas investidas severas e vigorosas nas próximas semanas. Estamos em ano ímpar, sem eleição. É um período bem propício para este tipo de ação policial.

De olho

Neste início de novo governo, com Jorginho Mello, e de nova legislatura na Assembleia, a sociedade tem a oportunidade de identificar situações que podem comprometer não só figuras políticas, mas também partidos tradicionais e de grande influência no estado. Prefeitos já detidos são de várias legendas como o PL, o PP e o MDB.

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