Solenidade, no sábado (15), foi marcada por uma maratona cultural e muita emoção
A Prefeitura de Palhoça inaugurou, no sábado (15), a nova Casa da Cultura de Palhoça. O Centro Cultural Laudelino Weiss, localizado em um prédio centenário no Centro da cidade, é um espaço democrático que vai resgatar a história do município e aproximar os artistas locais do público palhocense. A inauguração foi marcada por várias atividades culturais e muita emoção.
A inauguração da nova Casa da Cultura faz parte das comemorações dos 129 anos de emancipação política de Palhoça, celebrados no dia 24 de abril. “É uma honra estar aqui hoje, eu me sinto muito feliz e realizado, porque é a realização de um sonho de muita gente, de todos os agentes culturais do município. Claro que a cultura não se faz somente com um prédio, mas aqui é um local que passa a concentrar o fomento e o desenvolvimento da cultura de Palhoça, para que a gente sempre lembre da nossa história, dos nossos valores, do que nos fez chegar até aqui hoje. Se não conhecemos o nosso passado, dificilmente faremos um bom futuro para a nossa população”, comentou o prefeito Eduardo Freccia (ao C, de óculos), durante a inauguração do novo espaço.
Um dos momentos marcantes da solenidade foi a apresentação do coral Bom Jesus de Nazaré, que interpretou, com muita emoção, o Hino Nacional e o hino de Palhoça. “Um sonho sonhado por muitos que se tornou realidade. Foi bandeira de muita gente, e hoje temos a sorte de sermos abençoados por estarmos descerrando uma placa, dando uma casa própria para a cultura palhocense. É um momento de felicidade, de muita gratidão”, destacou o vice-prefeito Amaro Junior, que também acompanhou a solenidade.
O ato contou com a presença de secretários municipais, vereadores e da população em geral. O deputado estadual Camilo Martins, que, quando foi prefeito de Palhoça, deu início ao projeto de revitalização do espaço para acolher a nova Casa da Cultura, também fez questão de participar do ato de inauguração. “Era um sonho, era um desejo da cidade de Palhoça ter este espaço aqui. Eu fico muito feliz, porque hoje a cultura de Palhoça dá um passo a mais. Sempre temos que resgatar a história e a cultura de uma cidade”, expressou o deputado Camilo.
“Hoje é um grande dia para todos nós, principalmente para aqueles que trabalham com a cultura, em especial, a cultura açoriana. É um sonho que vem desde a primeira vez em que fui vereador desta cidade. Foi uma luta para chegar onde chegamos hoje”, declarou o vereador Otávio Marcelino Martins Filho (Tavinho) – na ocasião, representando a Câmara de Vereadores.
Foi, de fato, uma luta. O presidente da Fundação Municipal de Esporte e Cultura (FMEC), José Virgílio Junior (Secco), que o diga! Junior Secco lembrou que começou a estudar a viabilidade da ideia de transformar o antigo Paço Municipal em um centro cultural em 2017. Foram seis anos de intenso trabalho, coroados com a inauguração deste sábado (15), às vésperas de mais um aniversário da cidade. “Hoje é um dia histórico para a nossa cidade, é um marco cultural. É uma satisfação muito grande estar à frente da fundação neste momento. Se chegamos até aqui, foi pelo trabalho de muitas mãos, de muitas cabeças”, ponderou Junior Secco, muito emocionado. “Realmente emociona a gente chegar aqui hoje, ter este marco, esta pedra fundamental do desenvolvimento da nossa cultura. Podem ter a certeza de que a gente vai fazer o máximo para este centro cultural reverberar a cultura do nosso município e vamos fazer muita coisa acontecer aqui”, projetou o presidente da FMEC.
Cultura em efervescência
A própria inauguração da nova Casa da Cultura de Palhoça já mostrou o leque de possibilidades artísticas e culturais que o espaço proporciona. A agenda inaugural foi marcada por uma maratona cultural, com exposições de artes de diferentes estilos e apresentações musicais e teatrais.
Quem caminhava pelo espaço mergulhava no universo artístico e memorialista de Palhoça. Da renda de bilro à pintura em aquarela, o encantamento mudava de tom a cada sala visitada. Dava até para vislumbrar um cenário da Palhoça dos anos 1920 em um quadro da artista plástica Jaqueline Antonieta Nunes.
Formada em Desenho pela Udesc, Jaqueline foi professora de Artes de escolas como a Venceslau Bueno e levou para a Casa da Cultura seu acervo de trabalhos em diferentes técnicas, como aquarela e nanquim. Entre as obras, a reprodução artística de uma foto da Praça Sete de Setembro em 1925, com o Paço Municipal, hoje transformado em centro cultural, ao fundo.
“Ficou uma maravilha. Todos que trabalham na área tinham o sonho de que isso aqui fosse um espaço legal para a cultura”, celebra Jaqueline.
Para a artista, a nova Casa da Cultura de Palhoça vai ajudar a valorizar a cultura local e a resgatar a história do município, com sua forte tradição cultural de base açoriana, mas que também acolheu diferentes etnias ao longo de sua trajetória de desenvolvimento.
“A inauguração do centro cultural é uma significativa contribuição a todos os moradores de Palhoça e para todos os agentes e produtores culturais do município. Este local divulgará todas as manifestações culturais fundantes da cidade – a indígena, a quilombola, a negra e a açoriana. Terão diversos cursos de arte, como o teatro, a dança, a música, etc. Será espaço de formação artística e cultural de todos os cidadãos palhocenses. Agora temos que avançar nos mecanismos de fomento à cultura, como a Lei Municipal de Incentivo à Cultura e o Fundo Municipal, que serão outras importantes conquistas para levar arte e cultura a todos os bairros da cidade”, observou o presidente do Conselho Municipal de Políticas da Cultura, Eder Sumariva Rodrigues.
“Esta casa hoje cria este ponto de referência, ela materializa esse objetivo e não tenho dúvidas de que muitos projetos sairão daqui, e que muito do resgate da cultura local, do arminho, da renda de bilro, do entalhe na madeira, tudo isso vai voltar muito forte, porque hoje temos um local de referência, para que a gente possa mostrar isso para as nossas crianças, porque é com elas que a gente vai perpetuar essa cultura”, definiu o prefeito Eduardo Freccia.
O prefeito lembrou que é “um de muitos projetos que a administração tem para fomentar a cultura local” e mencionou outros dois projetos em andamento: a revitalização da sede da histórica banda de música da Barra do Aririú e a criação de uma orquestra municipal. “Tudo isso para que a gente possa fazer com que a cultura seja cada vez mais forte e enraizada na nossa cidade”, projetou o chefe do Executivo municipal.
Espaço histórico
O novo centro cultural fica localizado no histórico prédio da antiga Prefeitura, ao lado da Igreja Matriz, no Centro de Palhoça. O prédio e seu entorno foram revitalizados para receber o centro cultural.
Arquitetado em estilo colonial português, foi inaugurado pela primeira vez em 22 de agosto de 1895. Chamado de Paço Municipal, era um importante ponto de encontro da sociedade palhocense.
Abrigava, então, a superintendência municipal (um equivalente da época à Prefeitura), a delegacia de Polícia, o Juizado de Paz, a cadeia pública, o Conselho Municipal (um equivalente à Câmara de Vereadores), o Fórum e o Tribunal de Júri.
Cerca de 30 anos depois da inauguração, foi instalado um relógio na parte superior, que funcionou até a década de 1970.
O espaço agora abriga a Biblioteca Pública Guilherme Wiethorn, salas para exposições, o arquivo cultural e social do município, salas para cursos na área de cultura, além de uma sala de reuniões e de um setor administrativo, onde vai funcionar a gerência de Cultura da FMEC.
“Este prédio é bastante simbólico, foi um centro político do município durante muitos anos. Agora, cumpre outra função, muito apropriada, que vai integrar um corredor cultural, junto com o Mercado Público”, explicou o secretário executivo de Cultura de Palhoça, Caio Dorigoni.
“Minha vida e minha história foi passando por este prédio belíssimo e fico muito feliz mesmo em ver que hoje ele abriga o resgate cultural e histórico da nossa cidade”, declarou o deputado estadual Camilo Martins, que relembrou dos tempos de criança, quando saía do colégio e ia até ali para encontrar o pai, Nazareno Martins, então vereador de Palhoça.
Quem também conhece bem o prédio é o vice-prefeito Amaro Junior. Amaro morou na rua lateral e revelou que o antigo Paço Municipal era chamado de “Viúva”. Amaro também lembrou que o ex-vereador Gilberto Rosa, também presente na solenidade de inauguração, foi um dos primeiros a propor oficialmente que o local se transformasse em um centro cultural, na década de 1980. “O arquiteto da reforma foi muito feliz, na sala ao lado, em deixar os tijolos maciços expostos das paredes duplas, para que as novas gerações saibam como eram feitas as obras de antigamente e o que tem de história aqui a ser contada”, elogiou Amaro.
Quem foi Lino Weiss
Natural da comunidade de Taquaras, em Rancho Queimado, Laudelino Augusto Weiss – Seu Lino, como era carinhosamente conhecido – foi uma liderança muito importante e muito atuante em Palhoça.
Foi empresário e político, com dois mandatos como vereador, inclusive assumindo a presidência da Casa Legislativa, e também assumiu como prefeito por dois períodos.
Luterano praticante, criou toda a sua família, ao lado da esposa, dona Vilma Probst Weiss, sob o abrigo da Igreja Luterana.
Morador do Centro de Palhoça, era uma figura calma e carismática, conhecida e adorada por todos. Adorava ajudar as pessoas e fazia com prazer.
A família de Seu Lino esteve presente no ato de inauguração do centro cultural que leva seu nome e recebeu uma lembrança das mãos do prefeito Eduardo. Davi Lino Weiss, filho caçula do homenageado, foi convidado a falar em nome da família durante a solenidade.
Davi lembrou das músicas que o pai mais gostava. Lembrou que Seu Lino era apaixonado pela natureza e estava sempre em contato com as matas e cachoeiras da Guarda do Cubatão ou pescando na sua baleeira ao redor da Ilha dos Corais, com Seu Mazinho, da Pinheira, seu fiel escudeiro. Lembrou dele sentado na varanda da casa vendo o pôr-do-sol em Taquaras e também das festas na igreja luterana, que sempre acabavam em cantoria.
“Ele foi um homem que deixou um exemplo ímpar para todos nós. Teve uma vida simples, porém vigorosa. Foi amigo de muita gente”, lembrou Davi. “Que orgulho, que prazer em estar aqui falando dele, orgulho em tê-lo como pai, pra mim muito mais do que um pai, porque ele foi companheiro meu”, destacou.
“Eu conheci Seu Lino, nas suas caminhadas lentas pelo Centro de Palhoça, na sua calmaria, um coração muito grandioso”, comentou o vereador Tavinho.
O deputado estadual Camilo Martins, que sempre conviveu com a família, lembrou que Seu Lino era um “homem sempre brincalhão, muito tranquilo e carinhoso”. “Seu Laudelino é uma pessoa que tem uma história na cidade, um trabalho, uma pessoa de muita honradez. Ele não está aqui entre nós, mas está aqui espiritualmente”, sublinhou Camilo.
“Nada mais justo e honrado do que escolher o nome do Seu Lino, uma pessoa que ajudou a construir a Palhoça que nós temos hoje”, asseverou o prefeito Eduardo.
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