O diretor-presidente da CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), Laudelino Bastos, aproveitou o evento Santa Catarina Levada a Sério + Perto de Você, realizado nesta sexta-feira em Tubarão, para revelar que a Companhia se encontra diante de um nó financeiro. O executivo se refere à herança deixada pelo governo anterior, que implementou um planejamento hídrico sem ter fundo de caixa para bancar todos os investimentos.
“Foi aplicado aqui na CASAN uma espécie de Pix Hídrico”, definiu Laudelino numa comparação ao Plano 1000, modelo de repasse financeiro feito pelo ex-governador Carlos Moisés às prefeituras para a construção de obras de infraestrutura. “Estamos chateados porque a receita não estava prevista no orçamento da companhia do ano passado. Ou seja, sem capacidade de investimento da CASAN. O que foi sonhado deixou a CASAN numa situação complicada perante às prefeituras”.
Para exemplificar a imprudência financeira da gestão passada do governo do Estado, Laudelino cita a aquisição de 200 reservatórios metálicos de água ao custo de R$ 400 milhões. Segundo ele, houve uma previsão orçamentária desorganizada, atrelando recursos do próprio Estado para a implantação dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
“Ficamos surpresos com a velocidade do Planejamento Hídrico, sem previsão orçamentária na companhia. Precipitação de investimento, sem garantia. O último repasse, de R$ 25 milhões, foi em outubro do ano passado”, relata Laudelino.
Apesar de igualmente preocupado com a situação financeira do Estado, o governador Jorginho Mello garantiu a sequência de investimentos em saneamento, mas fez uma ressalva: “Vamos ter aqui com os prefeitos uma conversa reta, franca. Diremos o que pode ou não ser atendido.E os prefeitos têm compreendido isso nestes encontros, mesmo com beiços torcidos. Porque dinheiro público não existe, mas sim dinheiro do contribuinte. É por isso que o dinheiro dele deve ser muito bem cuidado e aplicado”, afirmou Jorginho.
A situação financeira merece tanta atenção que a CASAN vai contratar uma auditoria para verificar as condições financeiras da Companhia. Laudelino teve reunião nesta quarta-feira com Cléverson Siewert, secretário da Fazenda, para expor a situação e tem já agendada uma reunião com o governador para apresentar os números do caixa da estatal. “Já colocamos o governador a par sobre as nossas dificuldades”, informou o presidente.
Enquanto não encontra uma equação financeira, Laudelino pensa em priorizar obras e alongar prazos de entregas. Nesta quinta-feira, ele e seu diretor financeiro, Edson Moritz, estiveram no Rio de Janeiro para buscar financiamentos junto ao BNDES. O executivo foi em busca de recursos para avançar no saneamento em 38 municípios catarinenses de até 15 mil habitantes. A instituição financeira pediu 120 dias para formalizar o processo de consultoria para implementação do estudo de um programa de parceria pública privada. A expectativa da Casan é viabilizar um investimento de R$ 5 bilhões.
Obras em água e esgoto em Braço do Norte
Durante o evento do programa Santa Catarina Levada a Sério + Perto de Você, Laudelino anunciou investimentos de R$ 41 milhões em água e esgoto para Braço do Norte. O município é integrante da Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL).
A maior das obras em Braço do Norte é a da ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) da cidade. Ao todo, serão 33 km de rede coletora, representando um aumento no percentual de atendimento de 26% para 45% de cobertura. O valor previsto será de R$ 24 milhões. Também foram anunciadas obras de ampliação e melhoria operacional da rede de esgoto, com investimento anual de R$ 600 mil.
Laguna é outro município contemplado com três grandes obras previstas. São elas a construção de uma ETA com vazão de 200 L/s, a ampliação e melhoria da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) para atingir 85% de cobertura e a instalação de um emissário de efluente tratado com extensão terrestre e subaquática. Juntos, esses projetos somarão R$ 65 milhões de investimento previsto.
A cidade terá também um aumento de 3,6 milhões de litros na reservação de água no valor de R$ 7,4 milhões, a perfuração de dois poços com investimento previsto anual de R$ 600 mil, e obras de ampliação e melhoria operacional das redes de água (R$ 1 milhão ao ano) e de esgoto (R$ 1,8 milhão ao ano).