Especialista em baleias e golfinhos foi convidado pelo Ministério do Meio ambiente
O professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), André Silva Barreto, foi convidado pelo Ministério do Meio Ambiente para integrar a delegação brasileira em dois eventos científicos internacionais, realizados na Europa. As programações discutem tópicos ligados à conservação dos cetáceos, mamíferos aquáticos que incluem as diversas espécies de baleias, botos e golfinhos. As duas ações são organizadas pelo Internacional Whaling Commission – IWC (Comissão Baleeira Internacional), órgão global responsável pela gestão da caça e conservação das baleias que possui 88 países membros, entre eles, o Brasil.
Barreto é biólogo marinho, especializado em golfinhos e baleias e coordena o Projeto de Monitoramento de Praia da Bacia de Santos – PMP-BS, vinculado à Escola Politécnica da Univali. O docente também leciona nos cursos de Oceanografia, Ciências Biológicas e no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade.
Até o dia 10 de maio o professor participa da reunião do Expert Advisory Panel on Strandings (Painel de Especialistas em Encalhes) que desde a última segunda, 8, está sendo realizado em Veneza (Itália). Entre os dias 24 de abril e 7 de maio, o professor também participou da reunião do Internacional Whaling Commission Scientific Committee (Comitê Científico da Comissão Baleeira Internacional), em Bled (Eslovênia).
Sobre o Comitê
A reunião do Comitê Científico foi dividida em diversos subcomitês que, por sua vez, abordaram temas mais específicos. Segundo Barreto, a delegação formada por cientistas brasileiros, participou ativamente dos grupos que discutiram assuntos ligados à poluição, impactos cumulativos, mortalidades induzidas por humanos (que inclui as capturas incidentais de golfinhos em redes de pesca), e dos planos de manejo de conservação. Nestes últimos, o foco foi para os planos das toninhas, dos golfinhos de rio e da baleia-franca.
O plano de manejo para conservação da toninha (Pontoporia blainvillei) foi um dos tópicos de destaque na discussão, segundo o docente. Atualmente, esta espécie de golfinho é muito ameaçada por capturas acidentais em redes de pesca ao longo do litoral do Brasil, Uruguai e Argentina. A situação do boto-da-tainha (Tursiops gephyreus) também foi bastante discutida pelos cientistas, pois os últimos levantamentos mostram que a espécie também corre risco de extinção.
“Nos últimos dois anos houve um direcionamento de muitas pesquisas para gerar estimativas mais recentes do tamanho da população de toninhas e as taxas de capturas. Por ser responsável pela coordenação do PMP-BS, a Univali contribuiu muito com a geração de dados que foram apresentados no evento”, relatou.
Os resultados das discussões levantadas em cada subcomitê, foram compartilhados na plenária e aprovados pelas delegações de todos os países. Por envolver assuntos que geram divergências entre alguns países, segundo o professor, alguns temas tomaram mais tempo para obter consenso entre os representantes. Agora, o documento final será encaminhado aos representantes nacionais e as recomendações serão avaliadas e discutidas na plenária da IWC, que se reunirá em setembro, também na Eslovênia.
Segundo o especialista, a expectativa da delegação é que o conteúdo inspire os governos e pesquisadores a direcionar as suas ações para resolver questões acerca de aspectos ligados às relações entre os países que fazem parte da IWC, influenciando até acordos comerciais internacionais. Além disso, Barreto acredita que as informações relacionadas à toninha vão ajudar nas medidas de conservação no Brasil, pois sugerem ações de pesquisa e conservação da espécie.