A produção da safra catarinense de inverno 2021/22 apresenta um cenário positivo, com expectativas de aumento de produção em todo Estado. A estimativa foi exposta pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa), nesta semana, em evento virtual com a presença de autoridades e lideranças do agronegócio. A iniciativa oportunizou destacar as projeções de algumas culturas como alho, cebola, cevada, aveia e trigo. Entre os destaques está o trigo com aumento de 55% no total produzido.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e conselheiro da Epagri, José Zeferino Pedrozo, participou do evento e ressaltou que mais uma vez a Epagri/Cepa cumpre seu papel com dinamismo e agilidade. “Ter a oportunidade de receber informações tão valiosas com antecedência é um privilégio para toda a classe produtora”, observou Pedrozo ao comentar também as boas expectativas em relação aos investimentos que vêm sendo realizados nas culturas de inverno para suprir a necessidade de grãos em Santa Catarina.
A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter realçou o trabalho para incentivar a produção de cereais de inverno no território catarinense. Ela relatou que seis unidades de pesquisa da Epagri estão desenvolvendo experimentos em cinco regiões do Estado, além de enfatizar atuações da extensão rural e a execução de políticas voltadas para estas culturas.
O secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva, destacou a expectativa de colher uma safra recorde destas culturas, o que contribuirá para equalizar a alta demanda de alimentos para animais em Santa Catarina.
Os bons números apresentados pela Epagri/Cepa são reflexos da política de fomento à produção de cereais de inverno implementada pelo Governo do Estado. Com o Projeto, a Secretaria da Agricultura dará uma subvenção de R$ 250,00 por hectare efetivamente plantado com cereais de inverno, num limite de 10 hectares por produtor. De acordo com o secretário, a proposta estimulou o plantio de 38 mil hectares de cerais de inverno a mais no Estado catarinense, superando a meta, que era de elevar em 20 mil hectares estas áreas.
Um aspecto importante destacado no evento é o fato de a demanda interna aquecida e o dólar elevado favorecem a competitividade dos produtos no mercado interno. “Para os grãos de inverno, a Epagri/Cepa apontou que os preços devem permanecer em alta nos próximos meses. Porém, os produtores devem ficar atentos às instabilidades climáticas e do mercado para garantir uma safra melhor e rentável”, enfatizou Pedrozo.
PRODUÇÃO DE GRÃOS
A produção catarinense de trigo deve chegar a 276.158t na safra 2021/22, um aumento de 55% em relação ao período agrícola anterior, quando o Estado produziu 172.079t do cereal. A área plantada vai crescer 38%, chegando a 80.585ha. A produtividade deve ser 13% maior, alcançando o patamar de 3.315kg/ha em média. João Rogério Alves, analista de socioeconomia da Epagri/Cepa, credita esse crescimento aos bons preços pagos aos produtores de trigo na última safra, aliados à política de incentivo do governo estadual e a uma previsão climática favorável, de inverno com pouca chuva e de frio adequado para a cultura.
Na safra 2021/22 Santa Catarina deve produzir 53.697t de aveia, um incremento de 24% em relação ao ciclo agrícola anterior. A expectativa é de que o cereal ocupe 39.377ha no Estado, área 13% superior à ocupada na safra 2020/21. A produtividade média deve crescer 10%, chegando a 1.364kg/ha. A aveia produzia no território catarinense é toda usada para formação de pastagem de inverno para pecuária de corte e de leite, atividade de importância econômica para o Estado, explica João Alves.
A cevada é o cereal de inverno que ocupa menor área em Santa Catarina. Para a safra 2021/22 a Epagri/Cepa estima que, incialmente, serão cultivados 392ha do grão, 20% a menos do que no ciclo anterior. Contudo, a produtividade média deve crescer em 55%, o que deve resultar numa safra de 1.638t, volume 24% superior à anterior. A janela para plantio de cevada segue aberta até julho, o que pode fazer com que a área cultivada com o grão supere o estimado até agora, devido à política estadual de incentivo, analisa João Alves. Caso isso aconteça, os números serão atualizados nos próximos Boletins Agropecuários emitidos mensalmente pela Epagri/Cepa.
HORTALIÇAS
A cebola e o alho são culturas agrícolas de inverno tradicionais em Santa Catarina. A Epagri/Cepa estima que nesta safra o Estado se mantenha como o maior produtor de cebola e o terceiro maior produtor de alho do Brasil.
Segundo Jurandi Gugel, analista de socieconomia da Epagri/Cepa, na safra 2021/22 Santa Catarina deve continuar produzindo mais de 25% de toda a cebola do País. A estimativa é de que as lavouras catarinenses produzam 494.745t da hortaliça no ciclo agrícola que se inicia, volume 27% superior ao produzido na safra passada, afetada por problemas climáticos. A produtividade média deve crescer 26% e chegar a 28.186kg/ha. A área plantada fica em 17.553ha, crescimento de 1% em relação ao ciclo anterior.
Se as condições climáticas forem normais, a produção de alho deve ter incremento de 20%, encerrando a safra 2021/22 com 17.525t produzidas. Esse resultado será reflexo do aumento de 18% previsto na produtividade média, que deve chegar a 10.213kg/ha. A área plantada sobe 2% chegando a 1.716ha na safra 2021/22.
EXPRESSÃO
A safra de inverno ocupa principalmente o Alto Vale do Itajaí, o Planalto e o Oeste catarinense. Tem grande importância para o Estado, historicamente pela força da produção de cebola e alho e, mais recentemente, pela necessidade de produção de grãos para alimentação de frangos, suínos e bovinos.
Santa Catarina é o maior exportador de suínos e o segundo maior exportador de frangos do País, além de ser o quarto maior produtor de leite. A grande dependência do milho para alimentação dos rebanhos vem colocando o Estado na posição de maior importador nacional deste grão. Dos 7 milhões de toneladas de milho necessários em Santa Catarina, cerca de 5 milhões vêm de outros Estados ou países. A estiagem e o ataque de pragas comprometeram a produção de milho no território catarinense na última safra. Diante disso, a produção de grãos de inverno, que podem substituir o milho na fabricação de ração animal, vem ganhando cada vez mais relevância.
*Com informações da Assessoria do Governo do Estado de SC