O PSD, Partido Social Democrático, marcou época nos anos cinquenta, muito embora tenha nascido na segunda metade dos anos quarenta. Chegou até meados da década de sessenta, quando a Revolução transformou o nosso sistema em bipartidário: ARENA X MDB (e hoje ficam “estarrecidos” com o Fla x Flu na política. Novidade zero nesse ponto).
Foi o grande partido brasileiro dos últimos tempos. Houve a combatividade da UDN, fazendo um contraponto, mas o PSD era a fina flor do charme partidário. Getúlio Vargas deu-se ao luxo de ainda criar o PTB, Partido Trabalhista Brasileiro, como uma espécie de fiel da balança. E agora, mais recentemente, resolveram reeditá-lo, ressuscitá-lo, mas sem paralelo de comparação com o PSD original. O de hoje é de meia-tigela, oportunista, aproveitador, aquela tal história de querer ser mais esperto do que é esperteza. Sempre, o tempo todo. Uma falsificação barata.
Antes do retorno desse PSD de araque, tivemos o partido da Frente Liberal que surgiu lá em 1985 em meio ao colégio eleitoral que elegeu Tancredo de Almeida Neves para a Presidência numa disputa com Paulo Salim Maluf.
DNA
Ali, o PFL abriu uma defecção do então PDS de Maluf e apoiou Tancredo. Depois, sempre sob o comando do vigilante e competente Jorge Konder Bornhausen, um catarinense da gema – que nasceu no Rio -, mas viveu e fez toda a sua trajetória em Santa Catarina.
Longevidade
JKB pilotou o PFL por quinze anos, inclusive em um período que não tinha mandato, o que é muito raro no Brasil, alguém sem mandato preservar o protagonismo, como foi o caso de Bornhausen.
Alternativa
Depois, ele encaminhou o surgimento do DEM, o Democratas, e entregou a presidência ao filho de César Maia, que foi prefeito do Rio, e foi recentemente também presidente da câmara, Rodrigo Maia, uma decepção absoluta. Ele foi presidente da câmara durante cinco anos, inclusive no período de Michel Temer.
Apostas
Dia desses, Jorge Bornhausen confidenciou a este articulista que ficou na dúvida se entregava o comando do Democratas para Rodrigo Maia ou para Gilberto Kassab, que foram duas crias do líder catarinense. Acabou optando por Rodrigo que, aliás, já faz parte do passado da política nacional.
Esperteza
Ato contínuo, Kassab resolveu criar o PSD, quando ainda o Democratas se mantinha firme. Tanto é que o Democratas só desapareceu quando houve a fusão com o PSL, que elegeu presidente da República em 2018 e logo entrou em conflito.
Tiroteio
O inquilino do Palácio do Planalto bateu de frente com Luciano Bivar, presidente do PSL, e deixou a sigla. Jair Bolsonaro ficou um tempo sem partido. PSL e o DEM fundiram-se com Democratas, dando origem ao União Brasil.
Natimorta
Eis outra legenda, com chance zero de vingar. O UB serviu para o desaparecimento do DEM. Mas o PSD atual surgiu, abrindo um rombo no casco do Democratas através da ação de Gilberto Kassab, seu chefão até hoje.
Multifacetado
Kassab hoje é o primeiro ministro de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, eleito pelo Republicanos com o apoio de Bolsonaro, que foi quem o levou a transferir domicílio eleitoral para São Paulo. O pessedista é uma espécie de primeiro ministro, articulador político, Secretário de Governo em São Paulo. No plano federal, nunca é demais lembrar, o seu PSD tem três ministérios no governo Lula. Um pé em cada canoa. Uma festa.
Fiosiologista
Assim é o PSD. Assim é Kassab. E o PSD catarinense não tem nada de diferente. É também um partido potencialmente oportunista, sem bandeira, sem ideologia, só visa o poder pelo poder.
Voo solo
Importante, ainda, deixar claro que a investidura do deputado federal Ricardo Guidi, do PSD, à frente da Secretaria do Meio Ambiente e Economia Verde foi uma opção pessoal dele e não do seu partido, que continua independente na Assembleia Legislativa. Curioso. Eles não querem caracterizar que estão no governo!
Vão vocês
Dizem que são independentes, mas, na verdade, são de oposição e oposição ferrenha ao atual governo catarinense. Estão permanentemente minando as bases da gestão Jorginho Mello na Assembleia. Tudo muito dissimulado, evidentemente. Continuamente, líderes do PSD estimulam parlamentares de outros partidos a pressionar Jorginho Mello a abrir espaços para estes partidos no governo, inclusive no primeiro escalão, no Secretariado.
Só o bônus
Mas o PSD não quer fazer parte. Não reivindica e exigiu que Ricardo Guidi deixasse claro que não representava o partido no Colegiado. Nos subterrâneos, contudo, os iluminados do PSD trabalham para que outros partidos ampliem seus espaços no governo porque de alguma maneira o PSD vai tirar algum proveito, alguma vantagem, algum benefício.
Trevas
É um partido, este PSD com DNA chinês, acostumado a atuar no submundo da política, na escuridão. Esse é o PSD de hoje, que não tem nada a ver com o PSD do passado, o glorioso PSD. Esse é um PSD que é difícil até como classificá-lo ou qualificá-lo: um partido rasteiro, sem nota.