Embora o governo de Michel Temer já tenha, em dois meses, consumido parte do capital de esperança que os apoiadores do impeachment de Dilma Rousseff lhe emprestaram, está em curso uma articulação para aumentar os impostos. A conta é clara: as medidas de austeridade lideradas por Henrique Meirelles não alcançarão os R$ 60 bilhões de economia, enquanto o déficit apresentado pelo comandante da equipe econômica para 2017 é de R$ 137 bilhões. A diferença, claro, será pago com o seu, o nosso suado dinheiro.
Foi neste contexto que o próprio Temer e o ainda líder da oposição, Aécio Neves, entabularam um diálogo bastante ácido. O PSDB não esconde mais o incômodo pela falta de protagonismo político.
Segundo interlocutores, a troca de farpas travestida de diálogo foi mais ou menos assim. Aécio: “Só temos um ministro, o Bruno Araújo (das Cidades). Esse governo não é nosso”.
Escolha pessoal
Temer, o articulado, rebateu: “E quanto a José Serra (ministro das Relações Exteriores) e Alexandre Moraes (Justiça)?” Aécio não se deu por achado. “São escolhas pessoais suas, não minhas”, emendou. Talvez tenha sido mero acaso, mas também nesta semana que passou, o governo sofreu a primeira derrota na Câmara (que está acéfala, registre-se) na votação do pedido de urgência da renegociação das dívidas dos Estados com a União.
Bomba olímpica
Ministério Público e Polícia Federal estão esmiuçando os contratos e os valores das obras das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Não seria de se estranhar se, nos próximos dias, uma grande operação neste sentido estourasse.
Cruzada contra a operação
Em apenas uma semana, a Operação Lava Jato sofreu revezes em várias frentes. É nítida a articulação para brecar as investigações, inclusive no próprio Judiciário. O governo Temer optou por tirar o fim da urgência do pacote anticorrupção. Aquele defendido pelo Ministério Público. No STF, o decano Celso de Mello contrariou decisão do plenário da própria corte, determinando que condenado em segunda instância pode recorrer em liberdade. A prisão após a condenação colegiada era um dos avanços mais significativos da Lava Jato.
Senado colabora
No Senado, o notório Renan Calheiros mandou tudo às favas e decidiu que o PL que torna crime o chamado abuso de autoridade vai ser votado apenas por uma comissão (com menos senadores) e não passará pelo plenário da Câmara Alta.
Imprensa também
O “Estado de S. Paulo” também publicou editorial contra os interesses da maior operação investigativa do país. Segundo o periódico, é necessário e oportuno o PL que define os novos parâmetros do abuso de autoridade.
Contra o tempo
A Lava Jato segue firme, enquanto deixam os investigadores trabalhar, no encalço de Michel Temer e Aécio Neves.
Realidade
A inflação, embora tenha retrocedido um pouco, segue na estratosfera. As famílias estão mais endividadas do que nunca, os saques da poupança foram recordes e tendem a aumentar e o desemprego segue subindo. Está bem distante a luz no fim do túnel.
