Agenda emblemática reunindo tucanos de espessa plumagem, esta semana, no Sul do Estado, atualmente o grande reduto do partido em Santa Catarina. O roteiro para entrega de emendas da deputada federal Geovania de Sá reuniu, além de prefeitos, vereadores e lideranças, o ex-deputado Gelson Merisio, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, e o ex-senador Dalirio Beber. O quarteto esteve em Santa Rosa do Sul, Balneário Gaivota e Criciúma.
O encontro ocorreu um dia depois da reunião entre Merisio e o senador Dário Berger, que está no MDB. Os tucanos sinalizam para um momento de união e convergência de forças em um cenário altamente volátil, seja no contexto federal ou na realidade estadual.
Na verdade, o tucanato estadual sentiu a necessidade de unir esforços com vistas a 2022 logo após a desastrosa declaração de apoio, em eventual segundo turno, dada por Fernando Henrique Cardoso na direção do ex-presidiário Lula da Silva.
Fogo amigo
FHC, registre-se, tem feito de tudo para destruir o partido que ajudou a construir e que se tornou protagonista nacional de 1994 a 2014, mas que sofreu duro golpe em 2018, quando Geraldo Alckmin fez apenas 6% dos votos na corrida presidencial. Quebrou-se ali a polarização entre PT e PSDB, embate que durou seis eleições.
Senilidade
A falta de postura do ex-presidente tucano, atrelando a imagem do partido ao ex-mito petista, vem numa sequência impressionante. Ele já havia “lançado” o nome do almofadinha, animador de auditório, Luciano Huck, para “presidente”. Uma piada que este espaço nunca levou a sério. E com detalhe: Huck nunca foi filiado ao partido. Usou a oportunidade para renovar contrato com sua emissora de TV, pulando na grade de programação do sábado para o domingo. Uma vergonheira.
Amor e amizade
Não satisfeito, o ex-tucano-mor jogou-se agora nos braços do ex-sindicalista, colocando o ninho em polvorosa país afora.
Pé-de-cal
O quadro é de fim de festa no ninho nacional. Geraldo Alckmin, um dos expoentes tucanos nos últimos 20 anos, já está batendo em retirada. Poderia até encarnar novo projeto federal, mas deve disputar o governo paulista. Por outro partido, provavelmente o DEM. Contra João Doria, um engomadinho impopular, que não terá a menor chance na disputa presidencial. Mas permanece nas fileiras pessedebistas.
Outros
O PSDB ainda tem o nome de Eduardo Leite, governador gaúcho. É um quadro jovem, pode ter futuro, mas talvez também não permaneça no PSDB, considerando-se o contexto de esfacelamento da sigla. Outro nome qualificado seria o do senador Tasso Jereissati, mas ele é uma figura conhecida apenas em parte do Nordeste. Não tem embocadura nacional.
Enfraquecido
Voltando para Santa Catarina e o quarteto que se encontrou no Sul. Gelson Merisio é apontado como pré-candidato a governador. Aposta num possível recall pelo fato de ter chegado ao segundo turno em 2018. Esteve, contudo, absolutamente fora do circuito nos últimos dois anos e não conta mais com as ferramentas poderosas de que dispunha quando presidia a Assembleia e tinha o cunhado, Antônio Gavazzoni, pilotando a Secretaria da Fazenda.
Conselheiro
O ex-senador Dalirio Beber é um tucano graduado. Não dispõe, no entanto, de votos para imaginar novos voos estadualizados. Ele chegou à Câmara Alta após a morte de Luiz Henrique da Silveira. Era suplente. Atua nos bastidores do partido, onde tem influência e trânsito. O que o PSDB estadual conta mesmo é com dois expoentes. Os dois com base em Criciúma. Geovânia de Sá, deputada federal reeleita e que chegou aos três dígitos na votação de 2018 e o prefeito de quarto mandato, Clésio Salvaro, considerado imbatível em sua cidade.