Blog do Prisco
Coluna do dia

Queda-de-braço

Definitivamente, vivemos no plano estadual uma queda-de-braço pública entre duas proeminentes autoridades, que lembra um pouco a guerra entre Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta que, aliás, está a uma assinatura de seu desfecho. O presidente já teria decidido demitir o ministro. Só falta anunciar o substituto.
Em Brasília, o tiroteio se arrastou por semanas por uma questão de linha de atuação, da mecânica de combate ao coronavírus durante este período de quarentena.
Aqui pela província Barriga-Verde a bronca envolve o governador e a vice. Só que por discordarem da instalação do hospital de campanha em Itajaí. Sobretudo pelo valor anunciado, de R$ 76,9 milhões.
Além da postagem que detonou o projeto, Daniela Reinehr – que defende a adoção do padrão federal sugerido pelo Ministério da Saúde – fez uma live contra o nosocômio com uma parlamentar do PSL. Foi a gota d´água para desandar a maionese governista.

Sem clima

Moisés da Silva está absolutamente contrariado com a vice. O relacionamento dos dois, que já não era bom, agora não existe. E dificilmente haverá conserto.

Roupa suja

Muito bem, o problema é que nós estamos com problemas bem maiores do que essas diatribes pelos corredores do poder. É hora de ter juízo, senhoras e senhores. Jamais o governador e a vice deveriam ter protagonizado este embate publicamente em momento tão agudo deixando ainda mais atônita uma sociedade já aflita pelas inúmeras consequências da pandemia. Roupa suja, ensinavam os antigos, se lava em casa e longe dos holofotes.

Isolamento

Também é preciso considerar o contexto político que cerca o governador, hoje figura totalmente isolada.

Abismo parlamentar

Com a Alesc, o quadro, que já não era dos melhores, só piora. Esta semana, dois secretários (Saúde e Defesa Civil) participaram de sabatina online com os deputados estaduais. E não conseguiram ser minimamente convincentes sobre o hospital de campanha. Na prática, o governo tenta, mas não consegue explicar que o projeto é o melhor caminho e que sua execução atende todos os preceitos da legalidade e da lisura.

Desfocado

O desgaste de Moisés da Silva é brutal. E o que é pior. Desvia a atenção do foco principal que é a guerra contra o vírus.

Dúzia

O governador atualmente dispõe de uma bancada de, no máximo, uma dúzia de parlamentares, a maioria deles inscritos em partidos menores. Como se sabe, em qualquer votação ordinária na Alesc, a aprovação de projetos depende de maioria simples, que é de 21 votos. Se for alguma alteração constitucional, as famosas PEC’s, daí o caldo entorna, pois o governo precisaria de dois terços do Parlamento para validar suas iniciativas.

Derrapada inaceitável

Para piorar, o Executivo tentou envolver o Ministério Público e o TCE nos seus encaminhamentos acerca do hospital de campanha. Alegou-se que as duas instituições estavam acompanhando tudo sobre essa dispensa de licitação. Pois muito bem, MP e TCE liberaram notas oficiais dizendo muito claramente que não acompanharam absolutamente nada. Ou seja, desautorizaram o governo numa ponta e na outra, sabe-se que não há aval das instituições ao dito hospital, o que gera nova preocupação. O governo precisa, urgentemente, de uma autoavaliação pois está muito difícil tentar entender o que se passa no Centro Administrativo e na Casa d’Agronômica.

Pá-de-cal

Por fim, o Tribunal de Justiça, na figura do desembargador Jaime Ramos, mandou suspender novamente o processo, autorizando a empresa que ficou em segundo lugar a apresentar suas credenciais ao certame. Trata-se de situação absolutamente desagradável, desgastante ao extremo e totalmente delicada para Moisés da Silva e seu time.

Alto lá

Dito isto tudo, porém, cabe registrar que já tem deputado estadual falando em CPI do hospital ou da pandemia. Daí também já é demais. Seria um despropósito com o único objetivo de auferir dividendos políticos em hora tão extrema para Santa Catarina e seu povo.