Recados a Lira
Lula da Silva, o ex-tudo do PT, não é Dilma Rousseff. Isso é inquestionável. O atual presidente é bem mais astuto e preparado politicamente. Ela foi cassada pelos deputados que estavam sob a presidência de Eduardo Cunha lá em 2016 porque se achou a toda poderosa. Por mais que tenha falado asneiras, bobagens, Lula III tem senso de sobrevivência política. E sabe fazer o jogo.
Quando percebeu que o deputado Arthur Lira tinha derrubado seus decretos e seus projetos, o ex-mito puxou o freio de arrumação e chamou o parlamentar para conversar.
Lira derrotou Lula da Silva no Marco Temporal e em outras medidas. O deputado mandou claros recados. O Planalto recuou mas também mandou seus recados. É recado pra lá, pra cá.
Uma beleza.
Agora vai
Lula assumiu a articulação política, mas a Polícia Federal realizou operações em Alagoas e em Brasília, tendo Arthur Lira na mira. Não ficou só nisso. O ministro Dias Toffoli desengavetou uma denúncia de 2019 contra Lira.
O processo já havia sido julgado e o deputado foi condenado.
Alto lá
Dias Toffoli pediu vistas antes do resultado final do julgamento. Ficou três anos sentado em cima da denúncia, apesar da condenação do deputado.
Colo do pai
Arthur Lira seguramente se comprometeu a ser mais obediente ao Planalto e a denúncia foi soterrada.
Musculatura
Lira, presidente da Câmara e chefe do Centrão, é poderoso. O governo e o STF mandaram recados a ele. Se fosse um cidadão inatacável, tudo bem. Mas o alagoano não serve para santo. E não tem interesse em uma conflagração, numa rebelião contra o governo.
Lula da Silva deve ter dias mais tranquilos a partir de agora quando o assunto é a Câmara dos Deputados. No Senado, ele já tem lá um vassalo. Essa denúncia contra Lira foi para a gaveta. Mas tem outras contra o poderoso parlamentar das Alagoas.
Falando grosso
Supremo e Planalto mandaram recado ao presidente da Câmara. Inclusive as conversas sobre semipresidencialismo, que avançavam, subiram no telhado. Nos bastidores, Arthur Lira vinha conjecturando nessa direção.
Lula III
A ideia era transformar Lula numa Rainha da Inglaterra, tese defendida por Michel Temer e Gilmar Mendes lá atrás. O tal semipresidencialismo. Diante da reação pesada do STF contra Lira, esse assunto certamente saiu da pauta.