O deputado Dirceu Dresch, líder da bancada do PT, ocupou a tribuna do Legislativo, nesta quinta-feira (27), para lamentar a aprovação do projeto de reforma trabalhista pela Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira (26). O deputado destacou a postura de parlamentares catarinenses, de partidos aliados do governo Temer, que votaram contra o projeto. Ele avaliou que o resultado apertado da votação revelou que essa antirreforma ainda pode ser revertida no Senado.
“Foi um noite de tristeza, de revolta. Teve a coragem de um grupo de parlamentares catarinense que rompeu com a orientação partidária e votou contra a proposta do governo, mas também teve a vergonha, de um outro grupo de parlamentares que pisoteou nos direitos dos trabalhadores e votou pela aprovação da proposta que destrói as leis que dão proteção ao trabalhador”, afirmou Dresch.
Os deputados federais catarinenses do PT, Décio Lima e Pedro Uczai, Jorge Boeira (PP), Geovania de Sá (PSDB) e Esperidião Amin (PP) votaram contra a reforma. Já os deputados Celso Maldaner (PMDB), João Paulo Kleinübing (PSD), João Rodrigues (PSD), Jorginho Melo (PR), Marco Tebaldi (PSDB), Mauro Mariani (PMDB), Rogério Peninha (PMDB), Valdir Colatto (PMDB) e Ronaldo Benedet (PMDB) deram respaldo à proposta do governo que altera mais de 100 artigos da legislação trabalhista.
“Podemos melhorar a legislação trabalhista, mas essa proposta é para concentrar mais capital, transformar o Brasil em um país ainda mais injusto, em que poucos têm muito e muitos vivem na pobreza. Esse presidente, com 90% de rejeição, não tem legitimidade para fazer esse tipo de mudança. Queremos debater para melhorar a relação entre empregador e trabalhador, mas não dessa forma radical, como está sendo feito. Queremos construir um país justo”, disse Dresch.
O deputado enumerou vários pontos da reforma prejudiciais aos direitos dos trabalhadores, como o que garante que o negociado entre patrão e empregado tenha mais peso do que a lei trabalhista. Entre os temas passíveis de negociação estão: parcelamento das férias (em até três períodos à escolha da empresa); redução salarial; aumento da jornada acima do limite legal, podendo chegar a 12 horas seguidas; o fim da equiparação salarial para as mesmas funções na mesma empresa e a criação de modalidades de contratação, como a do trabalho intermitente. “O trabalhador vai trabalhar por hora, e não mais por jornada. Isso significa não ter salário fixo, ganhar menos que um salário mínimo e ter vários empregos para poder sobreviver”, interpreta Dresch.
Apoio à greve geral
Na avaliação do deputado Dirceu Dresch, a greve geral marcada para sexta-feira, dia 28, terá um papel fundamental para pressionar os políticos a ouvirem os trabalhadores. “A luta não está perdida. Tenho certeza de que a greve geral vai ser grande, de fato. Amanhã o Brasil precisa parar, para que os políticos ouçam o clamor do povo. Os trabalhadores não podem pagar a conta desse golpe em curso no país que mira na destruição dos direitos do povo e na entrega das riquezas da nação.”