Depois de um ano marcado por rupturas políticas que influenciaram diretamente no desempenho da economia brasileira, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) avalia que as reformas são pré-condição para a retomada da economia em 2017. A maior parte dos indicadores do setor no ano acumulam resultados negativos, influenciados pelo agravamento da crise. De janeiro a outubro sobre igual período em 2015, as vendas diminuíram 10,8%, a produção industrial acumula queda até setembro de 4,2% e os estoques estão elevados para o período. De janeiro a novembro em relação ao mesmo período no ano passado, as exportações se reduziram 2,6% e as importações 19,9%.
“Talvez em nenhuma ocasião tenhamos vivido um período em que a iniciativa privada dependeu tanto do governo, do setor público. Não em termos de subsídios, de incentivos, mas em termos de reformas que conduzam a uma expectativa mais favorável, sobretudo, aos investimentos. A nossa conclusão é que o governo precisa, de fato, encaminhar propostas que reestabeleçam a confiança no setor público e em relação às condições de investimento tanto do setor doméstico quanto do externo”, afirmou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte (foto), durante encontro com jornalistas em que avaliou o ano para a indústria e fez projeções para 2017.
“O crescimento da economia catarinense é muito dependente do setor industrial. Na região Sul, diferentemente do que ocorre no Brasil, em que a indústria tem uma participação no PIB de menos de 20% (considerando a indústria de transformação, construção e serviços de utilidade pública), aqui representamos 30%. Ou seja, um terço da riqueza de Santa Catarina provém do setor industrial. Então, quando a indústria não vai bem, o Estado sente essa contração e tem mais dificuldade de crescer”, concluiu Côrte.
Apesar dos dados negativos, a indústria de transformação catarinense mantém o posto de maior geradora de empregos do Brasil em números absolutos, com 5.146 contratações no acumulado do ano até outubro. A produção industrial catarinense do acumulado do ano até setembro em relação ao mesmo período em 2015 registrou crescimento nos setores de alimentos (3,9%) e máquinas aparelhos e materiais elétricos (4,5%). Entre os segmentos que apresentaram retração destacam-se produtos de metal (-21,2%), minerais não-metálicos (-13,8%), metalurgia (-15,1%) e borracha e plástico (-6%).
As vendas industriais do Estado têm apresentado comportamento estável nos últimos meses, porém em patamares inferiores em relação a anos anteriores. De janeiro a outubro em comparação ao mesmo período no ano passado, os segmentos que mais apresentaram retração foram de produtos de metal (-28,5%), móveis (-23,3%), metalurgia (-14,7%), vestuário (-14,2%), informática, eletrônicos e óticos (-13,4%), máquinas e equipamentos (-9,5%) e plástico (-9,1%). A utilização média da capacidade instalada de Santa Catarina no acumulado do ano até outubro está em 80,4%, valor 1 ponto percentual menor que em igual período em 2015 e abaixo do normal para o período.
O comportamento dos indicadores total de salários pagos e horas trabalhadas na produção revelam uma tendência de queda desde 2014, reflexo do período de recessão econômica e incerteza política. De janeiro a outubro de 2016 contra igual período em 2015, as horas trabalhadas se reduziram 8,4% e os salários pagos tiveram queda de 8,3%. Isso sinaliza o desaquecimento da produção industrial, sendo necessárias menos horas de trabalho para atender as demandas, o que impacta diretamente na soma das remunerações. Em 2016 o emprego atingiu valor mínimo na série, ganhando fôlego a partir do último semestre.
Santa Catarina é o oitavo Estado mais exportador do País, com participação de 4,1% no total dos embarques. Pelo lado das importações, o Estado mantém a posição de quarto importador nacional, com 8,5% de participação no total do Brasil.
As pesquisas que medem o índice de confiança do industrial catarinense e a intenção de investir caíram desde 2014, com o aprofundamento da recessão. Nos últimos meses, a intenção de investir reagiu, mas com menor intensidade. A confiança do industrial na economia alcançou 52,8 pontos em novembro, abaixo dos 53,1 registrados em outubro. O índice varia no intervalo de 0 a 100. Acima de 50 pontos indica confiança e abaixo, falta de confiança na economia. O indicador da indústria da construção se situou em 50,2 pontos, revelando melhora frente a outubro (46,2 pontos). No mesmo período, o índice da indústria de transformação, apesar de indicar confiança (53,2 pontos), baixou 1,1 ponto percentual ante outubro.